Grupo moçambicano organiza visitas a bairro histórico do Maputo. Samora Machel, José Craveirinha, Eusébio e outros vieram deste bairro da cidade do caniço
Quem chega ao Maputo por via do aeroporto de Mavalane pela Avenida dos Acordos de Lusaka que liga depois à Avenida Marien Ngouabi não se aperceberá certamente que nos bairro pobres que enquadram a via para a “cidade de cimento” está um dos bairros históricos da capital moçambicana.
Mafalala é o seu nome e tem importância não só para a história do Maputo como de Moçambique. Ao fim e ao cabo, de lá saíram ou lá viveram figuras históricas da poesia como Noémia de Souza, da política como Samora Machel e do desporto Eusébio.
É talvez interessante notar que de acordo com alguns estudiosos o nome Mafalala vem da palavra de uma dança Macua, Mfalala praticada por pessoas que vinham do norte para a capital colonial a então Lourenço marques. Originalmente a zona teria portanto o nome de Ka Mfalala ( o sitio da Mafalala) e mais tarde ficou apenas Mafalala.
Mas visitar a Mafalala é algo que ninguém, sem interesse pessoal no local, fazia. Quem quer visitar um bairro pobre, numa zona pobre?
Graças a um projecto de moçambicanos isso está a mudar. Hoje é possível fazer uma “tour” da Mafalala visitando esses lugares históricos, conhecendo o bairro e quem lá vive.
A organização IVERCA tem estado a levar a cabo passeios a esse bairro, uma ideia original quiçá arriscada porque a Mafalala não é precisamente um lugar turístico.
Ivan Laranajeira um dos arquitectos do projecto disse que ele próprio é da Mafala e que cresceu a ouvir “as histórias sobre o Eusébio, sobre o poeta José Craveirinha”.
Foi já na universidade que se apercebeu da ligação “entre turismo e o património cultural”.
“É daí que surgiu a ideia,” disse.
Ele e um grupo de amigos estudantes iniciaram o projecto mas inicialmente a recepção à ideia “não foi das melhores”.
“Houve muito cepticismo principalmente e por parte de possíveis parceiros,” recordou Laranjeira lembrando como que “muitos pensaram que eramos um tanto ou quanto malucos”.
Havia dúvidas por causa da criminalidade e outras questões, disse.
Mesmo entre a própria população do bairro não houve entusiasmo pela ideia pois “a auto estima era muito reduzida”.
“Foi preciso um trabalho muito forte para restaurar a confiança,” recordou.
Laranjeira disse que a resposta ao cepticismo foi lançar o “festival Mafalala” para promover o bairro “ e promover as coisas boas da Mafalala”.
Hoje esse festival de um dia já teve a sua quarta edição e est-se a preparar a quinta edição que ao contrário dos anteriores deverá durar um mês.
Mas o que garante a sustentabilidade do projecto são as visitas a pé de turistas que se mostram interessados em visitar a Mfalala, conhecer a sua história e o seu povo.
O roteiro a pé de cerca de três horas visa ilustrar o bairro sob o ponto de vista político, social e cultural. Assim os turistas visitam as casas onde habitaram os poetas José Craveirinha e Noémia de Sousa, as casas de Samora Machel e Joaquim Chissano e claro está a casa onde viveu Eusébio.
“É um trajecto para as pessoas conhecerem a realidade do bairro, para se inteirarem de questões como saneamento, electricidade e também a parte cultural,” disse Laranjeira.
A maior parte das pessoas interessadas são estrangeiros, disse Laranjeira mas a IVERCA planeia agora organizar tours para escolas primárias.
O apoio das autoridades tem sido pouco embora a Câmara tenha ajudado a resolver “questões burocráticas” e o governo ajuda na promoção
Hoje hotéis e agências de viajem já encaminham clientes para a IVERCA cujas tours são a sua sustentabilidade.
“Caminhamos com as nossas próprias pernas,” disse Laranjeira.
A organização pode ser contactada através do seu site www.Iverca.org ou pelo telefone 824 180 314
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Mafalala é o seu nome e tem importância não só para a história do Maputo como de Moçambique. Ao fim e ao cabo, de lá saíram ou lá viveram figuras históricas da poesia como Noémia de Souza, da política como Samora Machel e do desporto Eusébio.
É talvez interessante notar que de acordo com alguns estudiosos o nome Mafalala vem da palavra de uma dança Macua, Mfalala praticada por pessoas que vinham do norte para a capital colonial a então Lourenço marques. Originalmente a zona teria portanto o nome de Ka Mfalala ( o sitio da Mafalala) e mais tarde ficou apenas Mafalala.
Mas visitar a Mafalala é algo que ninguém, sem interesse pessoal no local, fazia. Quem quer visitar um bairro pobre, numa zona pobre?
Graças a um projecto de moçambicanos isso está a mudar. Hoje é possível fazer uma “tour” da Mafalala visitando esses lugares históricos, conhecendo o bairro e quem lá vive.
A organização IVERCA tem estado a levar a cabo passeios a esse bairro, uma ideia original quiçá arriscada porque a Mafalala não é precisamente um lugar turístico.
Ivan Laranajeira um dos arquitectos do projecto disse que ele próprio é da Mafala e que cresceu a ouvir “as histórias sobre o Eusébio, sobre o poeta José Craveirinha”.
Foi já na universidade que se apercebeu da ligação “entre turismo e o património cultural”.
“É daí que surgiu a ideia,” disse.
Ele e um grupo de amigos estudantes iniciaram o projecto mas inicialmente a recepção à ideia “não foi das melhores”.
“Houve muito cepticismo principalmente e por parte de possíveis parceiros,” recordou Laranjeira lembrando como que “muitos pensaram que eramos um tanto ou quanto malucos”.
Havia dúvidas por causa da criminalidade e outras questões, disse.
Mesmo entre a própria população do bairro não houve entusiasmo pela ideia pois “a auto estima era muito reduzida”.
“Foi preciso um trabalho muito forte para restaurar a confiança,” recordou.
Laranjeira disse que a resposta ao cepticismo foi lançar o “festival Mafalala” para promover o bairro “ e promover as coisas boas da Mafalala”.
Hoje esse festival de um dia já teve a sua quarta edição e est-se a preparar a quinta edição que ao contrário dos anteriores deverá durar um mês.
Mas o que garante a sustentabilidade do projecto são as visitas a pé de turistas que se mostram interessados em visitar a Mfalala, conhecer a sua história e o seu povo.
O roteiro a pé de cerca de três horas visa ilustrar o bairro sob o ponto de vista político, social e cultural. Assim os turistas visitam as casas onde habitaram os poetas José Craveirinha e Noémia de Sousa, as casas de Samora Machel e Joaquim Chissano e claro está a casa onde viveu Eusébio.
“É um trajecto para as pessoas conhecerem a realidade do bairro, para se inteirarem de questões como saneamento, electricidade e também a parte cultural,” disse Laranjeira.
A maior parte das pessoas interessadas são estrangeiros, disse Laranjeira mas a IVERCA planeia agora organizar tours para escolas primárias.
O apoio das autoridades tem sido pouco embora a Câmara tenha ajudado a resolver “questões burocráticas” e o governo ajuda na promoção
Hoje hotéis e agências de viajem já encaminham clientes para a IVERCA cujas tours são a sua sustentabilidade.
“Caminhamos com as nossas próprias pernas,” disse Laranjeira.
A organização pode ser contactada através do seu site www.Iverca.org ou pelo telefone 824 180 314