Uma comunidade em apuros. É assim que se sentem os ruandeses residentes em Maputo, confrontados com a onda de assassinatos e desaparecimentos selectivos de seus compatriotas refugiados em Moçambique.
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No final da tarde desta segunda-feira, 13, Revocant Karemangingo, um proeminente comerciante com actividades de venda de bebidas e farmácia, foi assassinado a tiros de arma de fogo, no bairro da Liberdade, município da Matola.
Os homicidas não são conhecidos, mas parte dos ruandeses não tem dúvidas de quem vem a ordem.
Veja Também Cidadão ruandês assassinado em Maputo por desconhecidos“O nosso presidente, Paul Kagame, está a perseguir os refugiados que estão aqui em Moçambique” disse Venant Munhamezi.
Segundo estes, há uma lista de alvos marcados para morrer, cujos nomes chegaram a ser apresentados num dos jornais de referência em Moçambique. Mónaco Alphonso diz fazer parte da lista.
"A lista chegou a ser publicada pelo jornal Savana, a dizer que o regime do Ruanda está à procura de cidadãos ruandeses refugiados aqui em Moçambique. Eu também estou nessa lista e o Revocant era o primeiro. Agora que começaram a matar, nós também estamos à espera,” lamentou Alphonso.
O presidente da Associação dos Ruandeses em Moçambique, Cleophas Habiyaremye, diz que o sentimento de insegurança para a sua comunidade já foi apresentado ao Governo moçambicano, mas, ainda não houve qualquer medida.
Veja Também Kagame diz que ninguém financia operação militar em Moçambique onde há "terroristas" do Ruanda“Nós sempre gritamos. Naquela altura em que desapareceu aquele jornalista Cassien, fizemos uma carta ao Governo (moçambicano) a pedir que isso fosse esclarecido e a expor a nossa situação de insegurança, mas até hoje, ainda não temos nenhuma resposta” disse aquele líder associativo.
O activista social moçambicano, Adriano Nuvunga, alerta para o risco de Moçambique ser julgado pela fraca protecção dos refugiados dentro do país.
“Isto é claramente violação dos Direitos Humanos e o Estado moçambicano pode estar criminalizável, por estar a permitir que esquadrões da morte operem aqui em Moçambique para perseguir cidadãos identificados, no caso, os ruandeses” salientou o activista.
A Polícia da República de Moçambique diz apenas que o assassinato de Revocant está a ser investigado e logo que houver dados relevantes, serão anunciados.
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