O Presidente do Ruanda refutou informações de que a França esteja a financiar a presença militar do seu país na luta contra insurgentes na província de Cabo Delgado e alegou haver “terroristas” ruandeses em Moçambique, sem dar detalhes.
“Até agora, temos feito uso dos nossos próprios meios. Temos recursos decentes e estamos felizes em compartilhar. Não há ninguém que nos financie”, assegurou Paul Kagame em entrevista à estação de televisão pública RBA na noite de domingo, 5, mas sem avançar números.
O Ruanda é um dos países mais pobres de África, mas é o quinto Estado a enviar militares para missões de paz da ONU, com 5.100 homens.
Na sua intervenção, ele revelou haver presença de ruandeses entre os “terroristas” presentes em Cabo Delgado, mas não deu maiores detalhes.
Kagame reiterou que “não há ninguém que esteja a patrocinar-nos, digo isso na frente do ministro das Finanças, ele sabe quanto [a intervenção] nos custo, mas acho que os resultados valem mais do que o dinheiro em si”, acrescentou.
“Há um vizinho com uma casa em chamas e ao que chega primeiro é perguntado: por que você foi tão rápido em apagar o fogo?”, acrescentou Kagame ante a grande interrrogação do por quê da chegada de tropas do Ruanda, que não faz fronteira com Moçambique, antes da Força em Estado de Alerta, da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), cujos militares, pouco menos de três mil, só entraram no terreno das operações no passado dia 9 de Agosto.
Após rejeitar também qualquer apoio da multinacional TotalEnergies, Paul Kagame afirmou esperar que os investidores na extração de gás “voltem ao trabalho, porque significa muito para Moçambique”.
“A nossa missão não está ligada a recursos ou outras coisas, é apenas tornar a área segura”, concluiu o Presidente ruandês”.
Em Junho, cerca de mil tropas do Ruanda chegaram Cabo Delgado para ajudar as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique (FADM) na luta contra insurgentes que desde Outubro de 2017 lançaram ataques e tomaram várias localidades na província de Cabo Delgado, provocando a morte de quase três mil pessoas e mais de 850 mil deslocados e muita destruição.