Apenas 26 por vento das mulheres angolanas vítimas de violência procuram ajuda policial, enquanto 25 por recorrem a familiares e 4 por cento às autoridades tradicionais.
A maioria, 53 por cento, opta por não denunciar o crime.
Pobreza, falta de educação e incapacidade do Estado em responder apontadas como causas para o silêncio da maioria.
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Os dados são do Ministério da Justiça e Direitos Humanos e foram, em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), revelados recentemente num seminário sobre violência baseada no género realizado em Luanda.
A deputada do Grupo de Mulheres Parlamentares de Angola, Clarisse Kaputu, aponta como uma das causas do fenómeno a pobreza a que são submetidas muitas mulheres angolanas.
Ele defende a necessidade de instituições fortes e sublinha as debilidades da polícia que afirma não ter “condições específicas para poder tratar destes problemas”, nem uma estrutura feminina para o efeito.
“O rosto da pobreza é feminino e tudo isso aumenta o nível de fragilidade das mulheres em grande parte. Infelizmente não temos organizações fortes a trabalhar nesta área”, sustenta Kaputu.
Para a ativista social Laura Macedo, tudo acontece por falta de resposta das autoridades policiais do país.
“As mulheres são normalmente desprezadas nas esquadras cada vez que vão apresentar queixa e muitas vezes mesmo nos tais gabinetes de apoio às mulheres que têm mulheres para lhes atender”, afirmou Macedo, que cita a pergunta que lhes é feita: "mas o que fizeste ao homem para ele te bater?"
A falta de c cultura jurídica devido ao baixo nível escolar da maioria das mulheres angolanas e a influência de algumas seitas religiosas são, na opinião de Laura Macedo, outras causas que podem justificar o silêncio das mulheres diante da violação dos seus direitos por parte dos maridos ou companheiros
A mesma opinião é partilhada pelo analista social, Elson de Carvalho, que aponta “a falta da cultura de denúncia devido a fatores culturais e de educação e também religiosos que tornam as mulheres permissivas”.
Elson de Carvalho defende formação de base nas famílias onde a mulher seja educada e treinada desde da tenra idade para ombrear de igual com os homens”.
Refira-se que, no passado dia 20, terminou a operação policial denominada “Basadi XV” destinada a combater os crimes de violência doméstica contra as mulheres e crianças na Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC).
O evento foi conduzido pelo núcleo de mulheres do Ministério do Interior de Angola, sob coordenação da SADC, e decorreu em todo território nacional, disse uma fonte da Voz da América.
A operação visou particularmente a prevenção e combate aos crimes de agressão e abuso sexual, tráfico de seres humanos, rapto, sequestro, ofensas à integridade física contra mulheres e crianças, violência psicológica e abandono familiar.