O antigo ministro das Finanças da Guiné-Bissau, Suleimane Seide, posto em liberdade, na segunda-feira, 7, enfrentou “condições horríveis das celas”, onde esteve durante cinco dias.
A revelação é da Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH) que, numa nota, afirmou que “foi extremamente horrível ouvir os relatos das condições desumanas da cela onde foi detido, sem iluminação, ventilação, com baratas e ratos, em violação grave das regras mínimas de tratamento de reclusos, em vigor na Guiné-Bissau”.
A Liga manifesta mais uma vez o seu “profundo repúdio a este ato abusivo e exige a cessação imediata destes tipos de comportamentos, por traduzirem numa afronta à dignidade da pessoa humana”.
Aquela organização de defesa dos direitos humanos pronunciou-se na terça-feira, 8, depois de receber a visita de Suleimane Seide e familiares, que foram manifestar o seu agradecimento à Liga.
Suleimane Seide foi dirigente da LGDH, que termina a nota reafirmando a sua “determinação e luta por uma Guiné-Bissau da paz, do respeito pelos direitos humanos e pelo cumprimento dos principios estruturantes da democracia e do estado de direito”.
O caso
O antigo ministro das Finanças do Governo da Coligação PAI – Terra Ranka foi detido, no passado dia 2, quando estava a tomar o pequeno-almoço em Bissau por “quatro indivíduos desconhecidos à paisana”, segundo familiares de Seide.
No dia 7, ele foi colocado em liberdade.
Em declarações à agência portuguesa Lusa, citada pela imprensa guineense, o Presidente da República disse mandou soltar o ex-ministro porque foi detido por um antigo mandado judicial emitido no início do processo e que se encontra ultrapassado.
"Não houve mais nenhuma decisão de nenhum juiz", salientou, explicando que, por essa razão, mandou soltá-lo.
Queda do Governo
O antigo ministro das Finanças e o antigo secretário de Estado do Tesouro, António Monteiro, foram detidos, pela primeira vez, a 30 novembro do ano passado após terem sido ouvidos por cerca de seis horas no Ministério Público sobre o caso do pagamento de 10 milhões de dólares, em dívida, a um grupo de empresários, através de um dos bancos comerciais do país.
No dia seguinte, eles foram colocados em liberdade por um grupo de membros da Guarda Nacional, mas a Guarda Presidencial voltou a detê-los.
A 4 de dezembro, o Presidente da República dissolveu o Parlamento devido “à gravidade dos acontecimentos dos dias 30 de novembro e 1 de dezembro deste ano, nomeadamente o assalto às celas da Polícia Judiciária, em Bissau, praticado por um grupo fortemente armado da Guarda Nacional, perante a passividade do Governo, configurou uma tentativa de subversão da ordem constitucional”.
Depois de seis meses, em prisão preventiva, Seide e Monteiro foram colocados em liberdade e, desde março aguardam o julgamento.