O início da greve dos funcionários do Tribunal Supremo de Angola nesta quinta-feira ,17, forçou a adiamento, para o mês de fevereiro, do julgamento do ex-director do extinto Gabinete de Revitalização e Execução da Comunicação Institucional e Marketing da Administração (Grecima), Manuel Rabelais, e do seu assistente administrativo, Hilário Gaspar dos Santos.
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A suspensão das audiências, que serão retomadas a 8 de Fevereiro de 2021, coincide com o início das férias judiciais, a 22 de Dezembro.
Hoje, o tribunal previa começar a interrogar o co-réu Hilário Gaspar dos Santos, acusado de ter recebido 40 mil euros como recompensa pelo serviço prestado ao Grecima, consubstanciada no auxílio a “angariar empresas e pessoas singulares para depositarem kwanzas, em bancos, troca de moeda estrangeira”.
Veja Também Processos judiciais em catadupa em vários países, perda de empresas e influência e uma desgraça pessoalNa sessão de ontem, Manuel Rebelais reiterou que o Grecima enviou cartas ao Banco Nacional de Angola para facilitar a aquisição de divisas para o Ministério da Comunicação Social, Rádio Nacional de Angola, Televisão Pública de Angola, ANGOP, Edições Novembro, TV Zimbo e ainda a Semba Comunicações, empresa ligada à antiga deputada do MPLA, Tchizé dos Santos e a José Eduardo Paulino dos Santos, filhos do antigo Presidente da República.
A Semba Comunicações foi a responsável pela gestão do Canal 2 da TPA.
Da lista dos beneficiários estariam igualmente jornalistas e políticos influentes no país e no estrangeiro com o objectivo de resgatar a imagem de Angola.
O jornalista Alexandre Solombe entende que enquanto os profissionais da imprensa não conseguirem rendimentos condignos, que os tire da condição de pedintes, a classe continuará a ser fértil em aliciamentos de todos os feitios.
Solombe acrescenta que Manuel Rabelais não foi o único a usar em benefício próprio o dinheiro do Grecima e considera “uma humilhação” a forma como ele está a ser tratado pela justiça do país.
Os réus do conhecido caso Grecima são acusados dos crimes de peculato de forma continuada, violação das normas de execução orçamental e branqueamento de capitais, referentes aos anos de 2016 e 2017.