João Lourenço faz forte defesa da agricultura familiar e refuta discurso negativista

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João Lourenço, Presidente de Angola

Na abertura da reunião do Conselho da República, Presidente angolano diz que “o segredo é trabalharmos mais e com melhores práticas de cultivo para tirar o maior rendimento possível por hectare”.

O Presidente angolano afirmou que a agricultura familiar, que contribui com mais de 80% dos produtos alimentares da cesta básica, é a arma para o combate à fome e a pobreza que, para ele, "não depende do aumento das importações ou da política fiscal e cambial", mas sim de uma maior oferta de alimentos produzidos localmente.

Este posicionamento de João Lourenço foi manifestado nesta quarta-feira, 21, em Luanda, na reunião do Conselho da República, órgão consultivo que abordou a segurança alimentar.

O Chefe de Estado também criticou o que chamou de “discurso negativista”.

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“O campo de batalha de hoje devem ser os campos agrícolas onde fazendeiros e camponeses com o seu abnegado trabalho extraem os produtos alimentares que nós precisamos de continuar a importar (por isso) temos de olhar para as famílias camponesas com outro respeito e consideração (...) por nos proporcionarem o pão nosso de cada dia", disse Lourenço, acrescentando que " o país já está a produzir bastante mas não o suficiente".

Por isso, acrescenteou, “o segredo é trabalharmos mais e com melhores práticas de cultivo para tirar o maior rendimento possível por hectare”.

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O Chefe de Estado, reconheceu, no entanto, que "aqueles que de sol a sol se curvam de enxada da mão para garantir que não faltam os alimentos na mesa dos angolanos" nunca são homenageados, mas assegurou que o Governo quer continuar a apoiar a agricultura familiar.

"Discurso negativista"

Na sua intervenção, João Lourenço disse que "o Executivo, partidos políticos, igrejas e sociedade civil devem repudiar o discurso negativista e tomar a dianteira no encorajamento das famílias camponesas pelos bons resultados do trabalho que a agricultura familiar apresenta hoje em todas as províncias".

O Presidente reiterou que é seu desejo ver “produtos da cesta básica e da reserva estratégica alimentar constituídos essencialmente por produtos produzidos, transformados e embalados localmente” e mostrou-se esperançado em que os fertilizantes e vacinas para animais podem passar a ser produzidos localmente até 2027 com o arranque da indústria de fertilizantes no Soyo e a conclusão do centro de vacinas no Huambo.

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Lourenço fez também uma forte defesa da Divisão Política Administrativa, recentemente aprovada, que, segundo ele, permitirá continuar a construir escolas postos médicos e outras pequenas infraestruturas no meio rural para "fixar as famílias ali residentes e atrair as que se encontram ansiosas e desempregadas nas cidades para aumentar a força de trabalho no campo".

O discurso do Presidente abriu a reunião do Conselho da República que, o final, deverá emitir um comunicado.