A intervenção do Presidente de Angola na abertura nesta quinta-feira, 2, de uma reunião extraordinária do Comité Central já provocou reacções junto da sociedade civil, nomeadamente dos jovens do Movimento Revolucionário e familiares de activistas detidos.
Your browser doesn’t support HTML5
O dia 27 de Maio de 1977, lembrado hoje pelo Presidente da República, José Eduardo dos Santos, é a data em que milhares de militantes do MPLA foram mortos, incluindo Nito Alves, supostamente por tentar um golpe de Estado, na altura contra o primeiro Presidente António Agostinho Neto.
Na sua intervenção de hoje, Santos diz não ser possível aceitar o regresso de uma efeméride do género e chamou a atenção de tiranos e ditadores a todos aqueles que querem retirar do poder um Governo legitimamente eleito. No seu discurso aconselhou os que querem chegar à Presidência da República a criarem partidos e a concorrerem às eleições.
Lídia Lopes, irmã de Arante Kivuku, um dos jovens detidos no passado dia 20, acusa José Eduardo dos Santos de estar a inventar um golpe de Estado para sustentar a condenação do seu irmão e seus amigos.
“Nem podem lhes condenar, apenas estava a ler e não há provas de que na verdade queriam dar um golpe de Estado”, disse Lopes.
Raul Mandela, outro conhecido activista, afirma que Santos foi infeliz e avisa que os jovens não têm pretensões de criar partidos políticos porque lutam única e simplesmente para a melhoria de condições de vida dos cidadãos independentemente dos partidos a que pertencerem: “Antes tinham dito que esses jovens eram apenas 300 que não se deram bem na sua vida estudantil, hoje já querem dar golpe isso não é verdade”, frisou Mandela, que escapou no passado fim-de-semana a uma rusga do Serviço de Investigação Criminal (SIC).