Jovem vitima de "bullying" é líder da luta contra o problema

Presidente Barack Obama e a Primeira Dama, Michelle Obama, reúnem-se, na Sala Oval, com estudantes activistas anti-bullying.

Caleb Laieski foi vítima de ataques e ameaças e teve que abandonar a escola. Mas levou a luta contra o "bullying" à Casa Branca.

A violência física e psíquica nas entre alunos, nas escolas – ou ‘bullying’ – é um tema bastante debatido nos Estados Unidos. Ainda há dias, o Presidente Barack Obama deu o seu apoio pessoal a iniciativas para o combater.

Desde o massacre de Columbine, há 13 anos, que o assunto ganhou outra dimensão pública. Na altura, dois alunos, que durante anos terão sido vítimas de ‘bullying’, dispararam sobre os seus colegas e funcionários da escola. Acabaram por matar 13 pessoas e, depois, suicidiram-se.

Recentemente, nos cinemas nos Estados Unidos, estreou um documentário que aborda, de novo, a questão. De acordo com o trailer do filme, 13 milhões de raparigas e rapazes vão ser ameaçados ou agredidos no país este ano.

Caleb Laieski não aguentou. Sempre que ia para a escola, os outros alunos chamavam-lhe nomes, baixavam-lhe as calças, empurravam-no contra os cacifos. Um dia, um grupo de alunos ameaçou atropelá-lo. Quando fez 16 anos, Caleb decidiu deixar a escola: “Foi um dos melhores dias da minha vida. Saí finalmente de uma prisão”.

O problema foi ter assumido abertamente que era homossexual. “Sou honesto e não minto. Se alguém me perguntar se sou homossexual, eu digo ‘sim’. Não ando com rodeios”.

Como Caleb, milhões de jovens, em todo o mundo, são ameaçados ou agredidos nas escolas por serem diferentes. Por serem homossexuais, por terem alguma deficiência, por serem demasiado gordos, por serem demasiado magros. Há estudos indicando que um em cada quatro alunos são vítimas de ‘bullying’. Milhares de jovens norte-americanos faltam às aulas com medo de serem atacados.

Alexander Butchart, chefe do departamento de prevenção de violência da Organização Mundial de Saúde, diz que “o bullying não pode ser visto como parte de um processo normal”.

“Quem agride ou ameaça outras pessoas na escola tende a ter experiências nas suas famílias que levam a isso. Experiências que podem incluir a exposição a violência entre os pais ou aprender a usar violência para se sentirem superiores em relação aos outros. Se entendermos isto, é mais fácil perceber por que é que isto não é algo normal e por que é preciso fazer alguma coisa”, afirma.

Caleb Laieski tinha medo de ir às aulas, de viajar no autocarro da escola e de sofrer mais ameaças. Não aguentou mais e resolveu continuar a estudar por ele próprio. “Não sabia a quem me dirigir e não sabia o que fazer. Por isso, comecei a minha própria luta. Porque sabia que ia funcionar se fosse eu a tratar das coisas”.

Depois de deixar a escola, Caleb viajou mais de 3700 quilómetros e foi até Washington, nos Estados Unidos, onde se reuniu com mais de 200 membros do Congresso e pediu mais protecção para os jovens homossexuais.

Mas não ficou por aqui: Caleb chegou a encontrar-se com o presidente norte-americano, Barack Obama, e sugeriu-lhe que a Casa Branca nomeasse um jovem defensor dos direitos dos homossexuais.

“Foi uma experiência única" relembra. "Nunca imaginei que, com 16 anos, viesse a conhecer pessoalmente o presidente dos Estados Unidos. Pensei que nessa altura estivesse a ter aulas no secundário. Ele é bastante simpático e pareceu-me bastante receptivo à ideia”.

Hoje, Caleb tem 17 anos e trabalha algumas horas por semana na Câmara Municipal da sua cidade, Phoenix, na vereação da juventude.

“Sinceramente, acho que lutar pelo que está correcto está no meu sangue”.

É isso que Caleb quer continuar a fazer. E talvez um dia chegar ao Capitólio e, quem sabe, trabalhar no Congresso norte-americano.