A entrevistada de hoje é uma defensora da cultura são-tomense. Kailza Costa tem 22 anos e é estudante do curso de relações internacionais na Universidade Lusíada de São Tomé e Príncipe. Ela diz que a cultura de origem africana está perdendo influência no país. “Desde o princípio não nos identificamos com a cultura africana. Somos mais ocidentalizados.”
Costa explica que isso é resultado de vários factores, entre eles a colonização portuguesa. Outro factor é que São Tomé é Príncipe é um país insular e o facto de estar distante do continente africano faz com que os são-tomenses não adquiram os hábitos dos africanos. Por exemplo, os jovens não estão a aprender as danças tradicionais.
Outro factor que enfraquece a cultura local são as roupas usadas pelos são-tomenses.
“Não vestimos muito trajes africanos. As mulheres são-tomenses não usam muitos panos. Poucas são aquelas que gostam de amarrar lenços. E até mesmo o nosso traje tradicional é pouco usado”.
Costa destaca a importância de assumir a identidade africana. “Há necessidade de nós aqui usarmos mais roupas africanas e as mulheres usarem mais lenços.” Para ela, esses pequenos gestos são uma forma de começar a fortalecer a identidade são-tomense. E acrescenta: “Amarrar o lenço já demonstra muito quem tu és”.
A jovem faz uma crítica à população no que diz respeito às vestimentas. “Aqui em São Tomé, com exceções, usa-se mais trajes africanos na semana de África”. Ela gostaria que se usassem os trajes com as estampas são-tomenses mais vezes durante todo o ano.
Costa sabe muito bem que a cultura não é so feita de vestuário. Há necessidade de os jovens aprenderem com os mais velhos as músicas e as danças locais. Ela encoraja a todos a se filiarem a um grupo de dança tradicional e diz que é algo muito fácil de fazer, pois há vários grupos e escolas de dança no país.
Costa faz um apelo à população e pede para que que se preste mais atenção à cultura local, porque é única.
“É ela que define aquilo que nós somos. Nós devemos preservá-la para o futuro e para as gerações vindouras”.
A jovem quer que as pessoas usem mais o que é de São Tomé e Príncipe. Ela termina a entrevista pedindo para que a população pense mais no país e que tenha um pouco mais de amor pelo que é são-tomense.
Confira a entrevista na íntegra.
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