Um dia após a notícia de que a empresária angolana Isabel dos Santos perdeu o controlo da empresa Vodatel e dividendos da UNITEL, analistas ouvidos pela VOA considerar que ela não está a ser tratada imparcialmente pelas instituições angolanas.
Eles consideram que a filha do antigo Presdidente José Eduardo dos Santos terá alguma culpa nas acusações que lhe são feitas, mas criticam a forma como a justiça está a ser praticada.
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Eles reagiam à notícia que a filha do ex-presidente Eduardo dos Santos perdeu o controlo da empresa Vidatel, que detinha 25% da companhia de telecomunicações angolana UNITEL a favor da PT Ventures que pertence à estatal Sonangol.
O jurista e jornalista William Tonet pensa que há claramente uma perseguição política, usando as instituições de justiça.
Para Tonet há “uma banalização” da justiça em que "todo mundo quer aplicar a vingança no país e país nenhum se faz com raiva, com ódio e vingança".
“Neste momento é o clã Lourenço que manda e tudo está contra o clã Dos Santos mas nós somos mortais e amanhã quando João Lourenço deixar o poder vai esperar benevolência dos que hoje estão a ser alvos desta raiva?”, interroga-se Tonet.
Veja Também Documentos mostram como foram feitos pagamentos aos dirigentes da Sonangol em caso de corrupçãoO jornalista é de opinião que em Angola devia-se focar numa “verdadeira reforma das leis e do Direito, ter instituições fortes e não homens fortes".
O economista Sérgio Kalundungo afirma que Isabel dos Santos poderá ter adquirido a sua fortuna de modo “não ético”, mas acrescenta que "ficaria muito mais tranquilo se a justiça funcionasse com normalidade e não porque uma pessoa a impulsione como sua agenda”.
“A notícia da perda da Vidatel é uma péssima notícia para Isabel dos Santos, num ano péssimo para a filha de JES”, reconhece.
Veja Também Sindika Dokolo: uma vida na defesa da arte africanaO economista Damião Cabulo afirma também que para além de Isabel dos Santos ser ou não culpada “devia-se optar por soluções mais pacíficas e diplomáticas porque dessa forma afugenta os investidores estrangeiros, mancha a imagem do próprio país”.
“Nota-se que há claramente perseguição à senhora e isto não traz nada de bom para o povo, porque este tem fome, tem malária, é preciso saber perdoar os filhos, chamem a senhora, somos irmãos e somos todos angolanos, errou sim, agora quem é que nunca errou?", conclui.
A decisão do Tribunal Supremo das Ilhas Virgens Britânicas foi tomada para “preservar e assegurar” os activos da Vidatel na sequência de uma sentença a favor da PT Ventures no ano passado proferida pelo Tribunal Penal Internacional perante o Tribunal de Relação de Paris.
Veja Também Isabel dos Santos diz que Sonangol foi desfalcada em milhões de dólares por empresa de São VicenteA Unitel era, até janeiro deste ano, controlada por quatro acionistas, cada um dos quais com 25%: a PT Ventures (detida pela brasileira Oi), a petrolífera estatal Sonangol, a Vidatel (de Isabel dos Santos) e a Geni (do general Leopoldino "Dino" Fragoso do Nascimento).
A 26 de janeiro, a Sonangol comprou a posição da PT Ventures, por mil milhões de dólares, tornando-se a maior acionista da operadora angolana.
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