Intervenção em bancos revela fragilidades na regulação, dizem analistas moçambicanos

  • Amâncio Miguel

Banco de Moçambique

Tomás Rondinho fala em créditos com critérios politizados

Em Moçambique, enquanto os créditos bancários forem politizados será difícil evitar situações como aquelas que ocorreram no Moza Banco e no Nosso Banco, em que o Banco de Moçambique foi obrigado a intervir, dizem analistas.

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Intervenção do Banco de Moçambique no Moza Banco e Nossa Banco revela fragilidades na regulação, dizem analistas.

O economista Tomás Rondinho considera que o banco central, ao intervir naqueles dois bancos, assumiu a culpa por não ter exercido o seu papel de regulador e fiscalizador do sistema bancário nacional.

Na sua perspectiva, isso faz com que alguns bancos comerciais moçambicanos concedam créditos sem garantias.

"É preciso que os bancos comerciais tenham o cuidado de conceder créditos com garantias reais", disse Rondinho.

"O que se assiste em Moçambique é que os créditos são politizados, sendo por isso que os mesmos são concedidos apenas a partir de um simples telefonema; não se exigem garantias e isso acaba descapitalizando a banca comercial", criticou o analista.

Para ele, é estranho que a intervenção no Moza Banco tenha sido feita numa altura em que "parece que a instituição acabava de receber capitais de sócios estrangeiros".

"A questão que se levanta é se terá sido prudente o Estado, através do Banco central, usar fundos do erário público para recapitalizar a banca comercial, sem a garantia de reaver esse dinheiro", questionou.

Entretanto, o analista Francisco Matsinhe disse que se o banco central não tivesse intervencionado o Moza Banco, "praticamente todos os clientes bancários teriam ido aos bancos levantar as suas poupanças para guardá-las debaixo dos colchões, receando o colapso do sistema bancário nacional".

Há cerca de duas semanas, os accionistas do Moza Banco aprovaram o aumento do capital social daquela instituição e Matsinhe disse que "esse valor poderá ser usado para pagar o dinheiro injectado pelo Banco central".

Em finais do ano passado, o Banco de Moçambique ordenou a liquidação do Nosso Banco e intervencionou o Moza Banco, devido a problemas no seu funcionamento.