A recente intervenção do Banco de Moçambique (BM) no MOZA Banco é vista por analistas como um alerta laranja à banca comercial do país, cujos relatórios apresentados publicamente este ano não são encorajadores.
Na base dessa realidade estão a actual crise económica despoletada pela descoberta de dívidas escondidas e consequentes cortes ao apoio ao Orçamento de Estado por parte de vários países doadores.
A recente intervenção do banco central no MOZA Banco, um banco comercial cujos principais accionistas são moçambicanos da classe média alta, agitou a praça financeira do país, com alguns clientes a temerem uma situação idêntica à verificada recentemente em Portugal.
Para o economista Tomás Selemane, a intervenção do BM é um sinal de alerta para a banca comercial, tendo em conta que os resultados que estes divulgaram nos relatórios financeiros anuais não são encorajadores.
"Se há outros bancos na mesmas situações não sabemos, mas a situação económica geral associada à crise da dívida e a derrapagem do metical pode dar a entender que há uma dificuldade muito grande da parte dos bancos no geral", disse Selemane.
A apreensão atingiu o sector empresarial nacional no seu todo e a Confederação das Associações Económicas de Moçambique fala num sinal laranja para outros bancos comerciais.
"Nós sempre vimos alertando para a questão da exportação de divisas como um risco para a nossa economia, mas a atitude do banco central é uma atitude responsável porque vai certamente aliviar-nos desta situação e de um futuro sombrio. Nessa perspectiva é um sinal para outros bancos comerciais que estão na praça para serem mais responsáveis nos investimentos que fazem”, disse o vice-presidente Agostinho Vuma.
Entretanto, a diretora de Supervisão Bancária do BM, Joana Matsombe considerou que o sistema bancário moçambicano está bem.
"De um modo geral nós podemos dizer que o nosso sistema bancário goza de uma boa saúde, porque do ponto de vista do rácio de solvabilidade em média no sistema bancário é de 15 por cento, muito acima daquilo que é exigido que é 8 por cento, e não há qualquer sinal para alarme o sistema bancário que estão são”, garantiu Matsombe, lembrando que não se pode generalizar o problema de um banco.
A falta de capacidade dos accionistas para recapitalização do banco está na origem desta situação do MOZA e o futuro da instituição, após os seis meses de intervenção dm BM, continua incerto.