O académico Calton Cadeado diz que os insurgentes que actuam em Cabo Delgado, norte de Moçambique, ao atacarem também a vizinha Tanzania, pretendem criar fricções entre os governos moçambicano e tanzaniano e internacionalizar o problema.
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As autoridades tanzanianas anunciaram, esta quinta-feira, terem detido algumas das pessoas que estiveram envolvidas no ataque dos insurgentes, no dia 14 de outubro findo, a uma localidade tanzaniana.
"Os insurgentes, com estes ataques, estão a querer internacionalizar o problema, assim como implantar-se no solo tanzaniano, se é que ainda não estão implantados", considerou o académico Calton Cadeado.
Avançou que esta pode ser também uma forma de os terroristas "criarem fricções entre os governos moçambicano e tanzaniano, assim como mostrar a sua própria pujança em termos de raio de acção, porque um dos objectivos do terrorismo é criar o medo e por essa via fazer uma demonstração de poder".
Veja Também Tanzânia: Detidos potenciais integrantes do grupo insurgente que atua em MoçambiquePor outro lado, Cadeado considera que começa a ficar cada vez mais evidente a ligação dos insurgentes ao exterior, embora não haja ainda muita clareza relativamente a países ou pessoas apoiantes dos atacantes em Cabo Delgado.
"Os poucos nomes de pessoas, instituições e países que existem são ainda do domínio especulativo, mas não há dúvidas que há ligações externas, e agora há uma tentativa de perceber este tipo de terrorismo, no âmbito da guerrilha mas também do narco-terrorismo", realçou aquele académico.
Referiu que para se puder cortar essas ligações externas, é preciso um trabalho de inteligência muito forte, assim como de uma ofensiva diplomática também muito forte.
Veja Também PGR de Moçambique defende criação de tribunais específicos para crimes ligados ao terrorismoAquele académico afirmou, no entanto, que vai ser muito difícil se for narco-terrorismo, porque neste caso só existe uma cadeia mas nunca se conhecem os dirigentes dessa cadeia.
Para o académico João Feijó, também não há dúvidas que os insurgentes têm fortes ligações externas que a inteligência deve descobrir para puder cortá-las.
Feijó defende ser necessário ver as ligações que esses grupos têm com países das arábias, como é se fazem os financiamentos desses grupos, "e como é que controlam o tráfico naquela zona. Portanto, cortar esse circuito, porque é possível, de alguma forma, asfixiar esses grupos das suas ligações ao exterior".