As forças de segurança de Moçambique mataram pelo menos 11 pessoas e feriram dezenas de outras com recurso a balas reais e gás lacrimogéneo durante os protestos pós-eleitorais, nos dias 24 e 25 de outubro, disse a Human Rights Watch (HRW) num comunicado divulgado nesta terça-feira, 29.
“As autoridades devem investigar imediata e imparcialmente o uso aparentemente excessivo da força”, exige o diretor de advocacia para África daquela organização não governamental.
Veja Também Moçambique: Polícia instaura processo-crime contra MondlaneAllan Ngari enfatiza que “a repressão violenta das forças de segurança de Moçambique contra os manifestantes aumentou gravemente as tensões políticas após as eleições no país” e por isso “as autoridades moçambicanas devem investigar imediata e imparcialmente o alegado uso indevido da força e responsabilizar os responsáveis”.
A HRW diz que o período eleitoral e pré-eleitoral foi marcado por “assassinatos políticos, irregularidades generalizadas e restrições aos direitos à liberdade de expressão e de reunião”.
Veja Também Federação Internacional de Direitos Humanos e CDD denunciam 11 mortos em MoçambiqueNas investigações feitas, a organização revela que entrevistou 22 pessoas pessoalmente e por telefone entre 24 e 27 de outubro, incluindo vítimas e testemunhas da violência, médicos, jornalistas, funcionários do governo e funcionários de grupos locais da sociedade civil.
“Mais de 50 pessoas sofreram ferimentos graves de bala e muitas, incluindo crianças com apenas um ano de idade, inalaram gás lacrimogéneo que a polícia disparou indiscriminadamente contra zonas residenciais”, aponta a HRW, acrescentando que a polícia deteve mais de 400 pessoas que alegadamente se envolveram em desordem pública, pilhagens de lojas, destruição de propriedade pública e privada e ataque a uma esquadra de polícia.
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No comunicado, a organização não governamental apresenta vários exemplos e termina lembrando que “a Constituição de Moçambique protege os direitos à liberdade de reunião e de expressão e proíbe o uso excessivo da força por parte dos funcionários responsáveis pela aplicação da lei, garantidos ao abrigo das leis intergovernamentais”.