A proposta do movimento “O Sul é o Meu País” de separar a região composta pelos três estados brasileiros Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina do restante do país parece ter fracassado diante da expectativa dos seus idealizadores e também é reprovada por especialistas.
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Integrantes do manifesto esperavam conseguir pelo menos um milhão de votos favoráveis nos três estados no plebiscito informal realizado no fim de semana, mas não chegou à metade disso, embora os participantes demonstraram interesse em separar a região do restante da nação.
A principal justificativa do grupo para propor a fragmentação é a insatisfação dos três estados com o tratamento recebido pelo governo federal, sobretudo a falta de investimentos.
O Cientista Político Paulo Diniz considera essa pesquisa um ponto fora da curva da política nacional.
“Essa pesquisa deve ser considerada um ponto exótico dentro da política brasileira. Por mais que exista nessa região uma tradição de rebeldia contra o governo central, desde que o país se tornou independente, essas tensões deixaram de existir num ponto significativo, isso ainda no século XIX. Desde então, o que temos são queixas normais em qualquer federação”, disse.
Ele ainda acrescenta que esse movimento é contrário ao que prevê a Constituição.
“É importante destacar que a constituição brasileira tem em seu artigo primeiro a importância da indissolubilidade do território nacional. Portanto, não há nenhuma possibilidade jurídica do país se fracionar. A manutenção do território sempre foi uma prioridade desde a independência”, ressaltou.
O especialista ainda chama a atenção para a ausência dos tradicionais políticos nesse movimento.
“É preciso destacar também que nenhuma liderança política do sul do Brasil se envolveu ou quis ter sua imagem atrelada a esse movimento. Nem mesmo outros parlamentares a nível nacional se manifestaram publicamente sobre esse movimento. A gente não considera isso como um fator relevante da política brasileira”, ressaltou.
Paulo Diniz finaliza explicando que a reivindicação dos manifestantes em relação à cobrança diferenciada de tributos entre as regiões não faz sentido, pois está estabelecida na legislação brasileira. Entende-se que as regiões que geram mais riquezas pagam mais tributos ao governo para compensar as áreas mais carentes do país.
“Um dos argumentos principais dos líderes desse movimento de separação do sul do Brasil é o fato de que eles pagam mais impostos ao Governo Federal e recebem menos benefícios. Isso não é uma aberração. O país é estruturado em cima de uma ideia de equalização das diferenças regionais. Está estabelecido desde o início que as regiões mais ricas contribuam mais para o governo e este, por sua vez, deve investir nas regiões mais pobres”, concluiu.