O Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, reprovou, semana passada, a qualidade de obras de reabilitação de uma escola técnica, em Inhambane.
O Instituto Industrial e Comercial Eduardo Mondlane constava da lista de inaugurações que Nyusi deveria proceder, mas rejeitou por não ter as casas de banho em condições.
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“Não vale a pena inaugurar (...) Não aceitamos a obra como medida educativa”, disse Nyusi.
Esta atitude de Nyusi tem uma apreciação positiva e negativa de diferentes analistas.
“Achei o tom do Chefe de Estado muito severo. Ele tem uma fala muito mansa, mas desta vez foi muito áspero”, diz o jurista e comunicador Tomás Vieira Mario, que defende que “as obras devem ser feitas com qualidade”.
Veja Também Analistas contrariam visão positiva da polícia moçambicana sobre segurança em Cabo DelgadoVieira Mário, líder da ONG Sekelekane, diz que a qualidade das obras deve ser observada pelos empreiteiros por forma a evitar suspeitas. “Até porque já há quem conteste o facto de que elas são feitas por adjudicação direta, sem concurso público, então para se limar essas suspeitas é preciso que a qualidade esteja lá”.
Por seu turno, o pesquisador Adriano Nuvunga considera a atitude de Filipe Nyusi um atropelo à administração pública. “Não deve ser o Presidente da República a fiscalizar as obras e a decidir se pode inaugurar ou não uma obra”.
Nuvunga afirma que “é um atropelo grave por parte do Presidente da República, que está desqualificar as instituições, e pode estar na verdade atropelando os princípios da administração pública querendo salvar a sua honra”.
Veja Também Sindicato de professores moçambicanos reticente quanto ao retorno às aulas em NampulaA reabilitação dos sanitários das escolas foi uma das medidas definidas pelo governo para a retoma gradual das aulas, outra situação que não reúne consenso no país.
Nuvunga diz que a reprovação da obra de Inhambane é mais um exemplo que não há condições para se retomar as aulas.
“Não se deve voltar para a escola, não há condições para isso, temos que compreender que o ano letivo está perdido e Moçambique não tem dinheiro para criar condições”, diz o pesquisador, que dirige o Centro para a Democracia e Desenvolvimento.