Separatistas da Catalunha parecem prontos para recuperar o poder na rica região espanhola, após eleições locais na quinta-feira, reporta a Reuters.
Os partidos separatistas obtiveram 70 dos 135 assentos, e a sigla de Puigdemont, Junts Per Catalunya, manteve a posição de maior força independentista da legislatura.
O partido unionista Ciudadanos conquistou a maior parte dos votos, mas outras forças pró-Madrid, como o Partido Popular (PP) de Rajoy e o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), tiveram um desempenho ruim.
A situação aprofunda a crise política do país numa nítida repreensão ao primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, e a líderes da União Europeia que o apoiaram.
Reporta-se que os mercados espanhóis recuaram com o resultado considerado surpresa, que também é um revés para a União Europeia, que agora precisa se preparar para mais ruídos separatistas à medida que luta com o transtorno do Brexit e com o descontentamento latente no leste europeu.
Com quase todos os votos apurados, partidos separatistas conquistaram uma pequena maioria no Parlamento catalão, um resultado que promete prolongar tensões políticas que têm prejudicado a economia espanhola e desencadeado um êxodo comercial da região.
Rajoy, que convocou as eleições após destituir o governo separatista anterior, esperava que a “maioria silenciosa” da Catalunha superaria os separatistas, mas não resultou.
O resultado inesperado prepara o palco para o retorno ao poder do presidente catalão deposto, Carles Puigdemont, que fez campanha a partir de Bruxelas, onde está em autoexílio. Procuradores o acusam de insubordinação e ele pode ser preso se voltar para casa.
“Ou Rajoy muda a sua receita ou nós mudamos o país”, disse Puigdemont em discurso televisionado, ao lando de quatro ex-ministros de gabinete que fugiram com ele.
Em eventos pró-independência ocorridos em Barcelona, apoiantes exultantes entoavam “Presidente Puigdemont” e exibiam bandeiras catalãs à medida que os resultados eram divulgados.
O porta-voz de Puigdemont disse à Reuters que “somos aqueles que sempre dão a volta por cima”.
O desfecho causou tensão nos mercados globais, contribuindo para um recuo no euro e uma contenção nos mercados de acções. As pesquisas de opinião haviam previsto que os secessionistas ficariam aquém de uma maioria parlamentar.
Rajoy não comentou de imediato após a divulgação dos resultados.