O combate às mudanças climáticas tornou-se se um assunto sério que cada vez mais ganha espaço nos lares de muitas famílias ao redor do mundo. No fim-de-semana antes da Cimeira de Ação Climática das Nações Unidas em 23 de setembro, milhares de jovens saíram às ruas pelo mundo a fim de exigir medidas para combater o aquecimento global. Em entrevista à Voz da América, a líder do Partido Verde de São Tomé e Príncipe comentou várias questões, entre elas o combate às mudancas climáticas no arquipélago, a falta de liberdade de expressão e o clima político no país, já que as eleições presidencias estão a se aproximar.
"A nossa preocupação agora é de passarmos de palavras para atos concretos" explicou a líder do Partido Verde. As ilhas são-tomenses deverão ser afectadas pela subida das águas e uma atenção maior precisa ser dada as comunidades costeiras.
"Temos que agir imediatamente e rapidamente para proteger estas populações que estão em situação de fragilidade".
E acrescentou: "A cimeira foi uma boa iniciativa do senhor Guterrez, secretário-geral das Nações Unidas, mas é preciso que todos os líderes decidam agir, e muito depressa, antes que muitas catástrofes comecem a chegar".
A líder do Partido Verde sublinhou que é preciso continuar a pressionar os líderes políticos para que apliquem uma política visível e completa. Sobre os esforços que estão a ser feitos para combater às mudanças climáticas no arquipélago, disse que há no programa do governo atual uma política para a transição energética, de passar da energia fóssil (não renovável) para as energia limpas (energia solar, energia eólica).
"É preciso ter muita atenção para não hipotecar o país sobre o pretexto do desenvolvimento sustentável ou da transição energética," alertou Garrido, já que nem todos os paineis solares são "limpos". Ela pediu que a decisão seja feita com calma.
Your browser doesn’t support HTML5
Lixeira da Penha
"Logo a primeira hora que este governo tomou posse, eu como líder do partido dos verdes, presidente reeleita, automaticamente com a direção, fomos ter com o primeiro ministro atual, e uma das questões abordadas foi a Lixeira da Penha".
Garrido contou que a lixeira já existe há mais de 30 anos e disse que uma solução precisa ser encontrada porque lá há resíduos perigosos, hospitalares e biológicos que necessitam de tratamento específico. Além disso, é imprescindível que se econtre uma solução para a população que vive ao redor da lixeira.
"O modus operandi do Partido Verde de São Tomé e Príncipe não se limita a fazer este tipo de política que consiste em martelar sem propor nenhuma solução. Com esta nova direção estamos compostos, por exemplo de engenheiros agronômos, biólogos, engenheiros ambientais".
Garrido explicou que, baseado nas informações que tem acesso, o governo de São Tomé e Príncipe está a trabalhar para encontrar uma solução para a lixeira e que já há projetos que estão próximos de serem concluídos. Ela disse que o que está em debate agora é se fecham ou requalificam a lixeira. "Nós, a direção dos verdes, estamos a trabalhar, a fazer a nossa parte, para organizar, ajudar, propor e resolver este problema".
Liberdade de Expressão
Elsa Garrido denunciou a falta de cobertura do Congresso Extraordinário Eletivo do Partido Verde pelos meios de comunicação são-tomenses no dia 21 de setembro.
"Infelizmente não se sabe porque, não se sabe se é por autocensura ou se são alguns vícios crônicos que continuam nas veias de alguns são-tomenses, e estamos a ver algumas tendências que visam a abafar as notícias simplesmente.
Ela informou que o facto ocorrido está a ser investigado e explicou que o partido é legitimamente constituído.
"Eu não estou muito bem a compreender o que está a passar, que jogo estão a fazer, mas se há algum perfil ou algum grupo de são-tomemenses que não deveria tão já sofrer alguma forma de censura dos jornalistas é a Elsa Garrido e os Verdes. Nós tivemos na linha de frente na luta pela salvaguarda da democracia e na luta pela liberdade de expressão, inclusive liberdade dos nossos jornalistas que estava em risco".
A líder do Partido Verde considerou o ocorrido como "inadmissível".
Clima Político no País
Do ponto de vista dos verdes, Garrido disse que já percebeu que o "jogo do "mata-mata político" já começou para as eleições presidenciais.
"É pena. Nós os verdes estamos mais focados na reorganização, em participar ativamente no desenvolvimento do nosso país. Não faz parte da prioridades dos verdes as presidenciais".
Ela acrescentou que o partido vai observar com muita atenção este processo e concentrar-se nos trabalhos. Garrido explicou que o Partido Verde também é uma força para sensibilizar e capacitar. "Fazer política positiva, construtiva".
Muitos esperam que aqueles que estão a governar possam fracassar. Este é um moto estremamente errado de pensar. Qualquer governo que fracasse é o povo que sofre. Portanto temos que mudar a nossa maneira de pensar. Temos que mudar a nossa atitude para o desenvolvimento de São Tomé e Príncipe".
Líder do Partido Verde e Assessora do Ministro do Meio Ambiente
Recentemente Elsa Garrido foi convidada para ser assessora do ministro do Meio Ambiente, engenheiro Osvaldo Abreu. Ela explicou que não vê nenhum tipo de conflito entre este trabalho e a liderança do Partido Verde. Garrido reconheceu que essa é a primeira vez que isso ocorre no país.
"Tendo em conta a área em que estou a prestar serviço, não sou funcionária do Estado, sou chamada simplesmente para dar um parecer, alguma opinião sobre as questões ambientais".
Garrido contou que recebe 200 euros mensais pelo trabalho de assessoria, ou seja o equivalente de 4,732 dobras.
E acrescentou: "Eu quero relembrar mais uma vez a questão ambiental, a questão das mudanças climáticas. Ela não é somente um problema do partido A, B ou C. É um problema de todo o povo de São Tomé e Príncipe e é um problema global. Portanto, eu não posso recusar de dar algum parecer antes que o pior aconteça, e os decisores políticos que tomem as suas decisões sem conhecimento de causa, porque senão não teremos legitimidade para criticar, para contradizer. Porque quando vieram pedir conselhos não estivemos cá, nós não tivemos cá para justamente apoiar".
Garrido ainda aproveitou a oportunidade para esclarecer que ser assessora para as questões ambientais não significa vender o partido dos verdes.
Isto nós chamamos de política ativa e construtiva e é importante que os nossos concidadãos compreeendam que o facto de ficarmos de braços cruzados à espera que o governo fracasse, seja esse governo qualquer um, não é uma boa atitude. Repito cada são-tomense deve dar o seu melhor".
Oposição
Quanto a oposição, ela disse que isso faz-se naturalmente. "A oposição é saudável e tem que ser feita. Temos que nos habituar com ela. A oposição não significa somente criticar, mas sim também ajudar, propor alternativas e depois criticarmos".
Garrido fez um apelo aos são-tomenses para que mudem a maneira de fazer política.
"Não podemos estar sempre a bater, a bater e a bater. Temos que propor também. Temos que dar ideias. Temos que contribuir. O país é de todos os são-tomenses. Nenhum governo pode ter resultados positivos sozinho. O nosso país estava a atravessar uma fase extremamente difícil. Então, antes de comecarmos a vaiar, criticar, processar e fazer politiquices vamos mostrar o trabalho. Acreditem vamos ter mais legitimidade para criticar quando for necessário, mas temos que mostrar que podemos também contribuir positivamente.
Garrido terminou a entrevista avisando que o Partido Verde está de boa saúde e agradeceu aos militantes que participaram do congresso e aos que a reelegeram presidente do partido. Ela confirmou a composição da nova equipa, a qual é composta de engenheiros ambientais, agronômos e biólogos, e disse que os são-tomenses vão ver uma nova maneira de fazer política. Também falou que vão poder participar e compreender que o momento de mudar as nossas atitudes já chegou.
Your browser doesn’t support HTML5