Congresso do MPLA com ausências notáveis e aposta na renovação

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Joao Lourenço e José Eduardo dos Santos podem não se encontrar no evento

O sétimo congresso extraordinário do MPLA realiza-se no sábado, 15, em Luanda,e, a dois dias do evento, paira a dúvida se o presidente honorário do partido no poder, José Eduardo dos Santos, estará presente.

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Misterio sobre presença de Eduardo dos Santos no congresso do MPLA - 4:05

A VOA soube de fonte do partido que, até ontem, o antigo Presidente da República não tinha respondido ao convite que lhe foi endereçado pela organização do congresso.

Ao que se sabe, Santos continua em Espanha, para onde se deslocou em Abril passado para tratamento médico e cujo regresso devia acontecer cerca de um mês depois. Não há qualquer informação sobre o assunto.

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A fonte que integra a comissão de organização do congresso declarou que o ex-líder partidário “está convidado a acompanhar todos os debates do princípio ao fim”.

Para além da ausência óbvia da deputada Tchizé dos Santos, filha de José Eduardo dos Santos e crítica de João Lourenço, outras conhecidas figuras da direcção do partido no poder que também não deverão estar presentes no encontro do Complexo Turístico Futungo 2, são o deputado e antigo ministro da Comunicação Social, Manuel Rabelais e o ex-porta-voz do partido, Norberto Garcia.

Outras ausências

O primeiro está constituído arguido e impedido de sair do país pelo Ministério Público por suspeita de crimes de corrupção, enquanto Norberto Garcia foi recentemente absolvido pelo Tribunal Supremo dos crimes que lhe eram imputados.

A fonte da VOA sustentou que o facto de as duas figuras já não terem estado presentes na reunião preparatória do Comité Central, realizada na passada semana, é indicativo de que não estarão presentes no congresso, admitindo que os mesmos “podem não estar moralmente em condições de o fazer”.

Norberto Garcia chegou mesmo a admitir a possibilidade de abdicar da vida política.

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Lourenço quer renovação

Para o seu congresso extraordinário, o MPLA agendou três temas que vão animar os debates dos congressistas, designadamente “os ajustamentos pontuais aos Estatutos do partido”, “o processo eleitoral e alargamento do Comité Central” e a “Aprovação de uma Resolução Geral", além das habituais moções de apoio.

Os debates serão realizados em plenária e não em comissões como tem sido hábito e neles participam, e com direito a voto, os 2.591 delegados que estiveram presentes no sétimo congresso ordinário realizado em 2016 , que reconduziu José Eduardo dos Sanos no cargo de presidente.

Os ausentes no evento de então não serão substituídos.

O encontro, que vai decorrer sob o lema “MPLA e os desafios do futuro-Processo Autárquico” deverá eleger 134 novos membros para o Comité Central, maioritariamente jovens com até 45 anos de idade, num total de 497.

De olho nas autarquias

A aposta de João Lourenço na juventude é justificada pela necessidade de “novos militantes para a direcção partidária que não têm qualquer compromisso com o passado e capazes de o ajudar a combater à corrupção e ao nepotismo”.

O tema sobre as autarquias deverá ocupar o maior espaço nas discussões durante as quais o partido no poder vai determinar o perfil para futuros autarcas e a necessidade ou não de se fazer alianças com outras forças políticas para as eleições, que têm lugar em 2020, de acordo com a fonte da VOA.

Entretanto, o analista Rafael Aguiar admite que a estratégia de João Lourenço de rejuvenescer a cúpula do partido visa reformar a velha guarda e reforçar o seu poder com apoio de jovens, garantir as eleições autárquicas e arregimentar apoios para a sua recandidatura para um segundo mandato.

O também sociólogo diz, entretanto, que o líder do MPLA terá muito trabalho pela frente para atingir tais propósitos.

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