Cimeira de Luanda sobre crise no Leste da RDC cancelada

  • AFP

O Presidente do Ruanda, Paul Kagame (à direita), o Presidente da República Democrática do Congo, Felix Tshisekedi (à esquerda), o Presidente do Uganda, Yoweri Museveni (à direita), e o Presidente de Angola, João Lourenço (à direita).

As conversações previstas para domingo, 15, entre os líderes do Ruanda e da República Democrática do Congo para pôr fim ao conflito no leste da RDC foram canceladas após um impasse nas negociações, disseram as autoridades.

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Desde 2021, uma milícia rebelde por detrás do Ruanda criou zonas do leste da RDC, disputando milhares de pessoas e desencadeando uma crise humanitária.

Havia grandes esperanças de que a cimeira organizada pelo Presidente de Angola, João Lourenço – o mediador da União Africana para pôr fim ao conflito – terminasse com um acordo para pôr fim ao conflito.

Mas por volta do meio-dia de domingo, o chefe do gabinete de comunicação social da presidência angolana disse que a iniciativa não iria avançar.

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Papel de Luanda na mediação do conflito Ruanda - RDC: análise de Egna Sidumo

Ao contrário do que estávamos à espera, a cimeira já não se vai realizar hoje”,
Mário Jorge, responsável pela comunicação social

Lourenço estava reunido com o líder da RDC, Felix Tshisekedi, e sem o presidente do Ruanda, Paul Kagame, disse.

A presidência congolesa disse que as negociações chegaram a um impasse devido a uma exigência ruandesa de que a RDC mantivesse um diálogo direto com o M23, apoiado por Kigali e em grande parte da etnia tutsi, que desde 2021 conquistou áreas do leste da RDC.

"Há um impasse porque os ruandeses estabeleceram como condição prévia para a assinatura de um acordo que a RDC mantenha um diálogo directo com o M23", disse à AFP Giscard Kusema, porta-voz da presidência congolesa presente em Luanda.

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O ministro dos Negócios Estrangeiros do Ruanda, Olivier Nduhungirehe, afirmou na sexta-feira que o seu país queria "um compromisso da empresa da RDC para resumir as conversações diretas com o M23 dentro de uma estrutura e prazo bem definidos".

O governo congolês diz, seja como for, que o M23 só existe por causa do apoio militar ruandês.

O Presidente do Ruanda, Paul Kagame (à esquerda), o Presidente de Angola, João Lourenço (à direita), e o Presidente da República Democrática do Congo, Felix Tshisekedi (à direita), posam para uma fotografia em Luanda, a 6 de julho de 2022.

"Se Kigali estiver de boa fé nas negociações e na sua promessa de abrir (...) as suas tropas em solo congolês, o conflito terminará com o M23 e, ao mesmo tempo, terminará com o Ruanda", disse uma fonte do Governo congolês.

Kagame e Tshisekedi viram-se pela última vez em Outubro, em Paris, mas não se falaram, embora tenham mantido o diálogo através da mediação de Luanda.