Os presidentes do Ruanda, Paul Kagame, e da República Democrática do Congo (RDC), Félix Tshisekedi, reúnem-se neste domingo, 15, em Luanda, sob mediação do Chefe de Estado angolano, para uma nova ronda de conversações visando pôr fim ao conflito no conturbado leste da RDC.
Entretanto, a dois dias do encontro um jornal ruandes teceu fortes criticas ao chefe de Estado congolês de “propagar mitos” da presença de tropas ruandesas na RDC.
O jornal New Times afirma que esse “mito” é “infudado e um bode expiatório para desviar a atenção dos falhanços da sua adminsitração”.
“As tropas ruandesas a que o Governo de Tshisekedi se refere parecem existir mais na sua imaginação do que no solo congolês”, continua o jornal que acusa Felix Tshisekedi de “falar primeiro e pensar depois (se é que pensa), o que o transformou num perigo diplomático".
O Presidente angolano João Lourenço, nomeado mediador pela União Africana para esta crise, manifestou na quinta-feira, 12, a esperança de que a cimeira de Luanda possa conduzir a um acordo de paz.
“Estamos otimistas que esta reunião acabe por produzir a assinatura ou a decisão para em breve assinar um acordo de paz duradouro entre os dois países vizinhos”, disse Lourenço em Pretória, África do Sul, onde realizou uma visita de Estado.
New Times descreveu Lourenço como “um homem sem dúvida abençoado com paciência, se tivermos em conta a imprevisibilidade do seu homólogo congolês”.
Por seu lado, no Parlamento congolês, Félix Tshisekedi disse na quarta-feira, 11, que "o nosso país continua a enfrentar rebeliões persistentes, incluindo a agressão do exército ruandês e dos terroristas M23, inimigos da República”.
A capital da província de Kivu do Norte, Goma, na RDC, onde vivem cerca de um milhão de pessoas e outro milhão de deslocados pela guerra, está agora quase cercada pelos rebeldes do M23 e pelo exército ruandês.
A 4 de agosto, os governos da RDC e do Ruanda assinaram em Luanda um acordo de cessar-fogo que estabilizou a situação na linha da frente, mas ambas as partes continuaram a trocar tiros, tendo os confrontos intensificado desde o final de outubro.
No início de novembro, sob a liderança de Angola, as três partes criaram um comité para monitorar o acordo.
Mais tarde, Kinshasa e Kigali aprovaram um documento que estabelece os termos pelos quais as tropas ruandesas se retirarão do território congolês.
Desde o seu ressurgimento em 2021, a milícia M23, apoiada por Kigali, que afirma defender a etnia tutsi, apoderou-se de vastas áreas do território da RDC, que deslocou milhares de pessoas e desencadeando uma crise humanitária.
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