Pescas: China acusada de "fazer batota" em África

Barcos de pesca chineses

O crescimento económico da China e o seu apetite por peixe criou a segunda maior frota de pesca do Mundo, além-fronteiras.
Peritos em pescas afirmam que a China não está a contabilizar fielmente a quantidade de pescado que a sua frota captura em águas estrangeiras. De acordo com um estudo agora divulgado os barcos chineses estão a capturar 12 veze mais peixe do que aquilo que consta dos dados oficiais.

O crescimento económico da China e o seu apetite por peixe criou a segunda maior frota de pesca do Mundo, além-fronteiras.

Segundo estatísticas oficiais, em 2011 a China mantinha mais de mil e 600 barcos fora da zona económica exclusiva. Do ano 2000 até 2011 Pequim afirma que essa frota capturou anualmente 360 mil toneladas em águas estrangeiras.

Contudo segundo um estudo efectuado pela Universidade da British Columbia no Canadá, esse número atingiu na realidade 4,6 milhões de toneladas por ano. Daniel Pauly foi um dos cientistas envolvidos no estudo: “ Os responsáveis chineses não publicam dados relativos aquilo que na realidade os seus barcos pescam. As suas estatísticas são muito problemáticas.”

Neste estudo revelado em Março e patrocinado pelo Parlamento Europeu, chegou-se á conclusão de que as maiores discrepâncias entre os números oficiais e aquilo que é pescado na prática pelos chineses verificaram-se na costa da África Ocidental, uma diferença de 3,1 milhões de toneladas.

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, FAO, é a entidade que recebe os números oficiais chineses. Os serviços de estatística daquela agência da ONU reconhecem que há grandes discrepâncias mas salientam no entanto que as estimativas do estudo agora publicado são exageradas.
Apesar disso a FAO afirma que os números chineses são mais baixos do que a realidade visto que uma parte do peixe pescado pelos barcos chineses é vendido directamente a países africanos.

Daniel Pauly, um dos responsáveis pelo estudo refere por outro lado que muitos barcos chineses operam com bandeiras estrangeiras de modo a esconder a sua origem.

Acrescentou porém os europeus também são responsáveis por publicarem números do pescado capturado pelas suas frotas abaixo da realidade embora numa escala mais pequena do que a dos chineses.

Os negócios paralelos e números artificias relativamente às pescas estão entretanto a ameaçar os esforços para manter as populações de espécies a níveis sustentáveis segundo afirmou Daniel Pauly: “ Não podemos avaliar o estado dos sctoks de peixe se não soubermos exactamente quantos foram pescados. Sabemos contudo de fontes independentes que os stocks de peixe na África Ocidental estão a diminuir substancialmente.”

Apesar de tudo, a FAO afirma que a China tem vindo a melhorar a precisão das suas estatísticas de pescas nos últimos anos especialmente no que se refere às capturas domésticas. Durante muitos anos a China aumentou artificialmente a tonelagem do seu pescado doméstico procurando demonstrar a sua eficácia produtiva.