O secretário de Estado americano inicia nesta quarta-feira, 15, uma visita à Etiópia, de onde seguirá para o Níger no fim-de-semana, numa ofensiva da Administração Biden para contrapor a crescente influência da China na África, de acordo com uma nota do Departamento de Estado.
Em Addis Abeba, Antony Blinken terá na agenda o acordo de paz que pôs fim às hostilidades na região de Tigray, no norte da Etiópia, enquanto em Niamey abordará a luta contra o terrorismo no país e em toda a região do Sahel.
A visita do chefe da diplomacia americano é a quarta de altos funcionários do Governo americano ao continente africano, depois das deslocações da primeira-dama, Jill Biden, da secretária do Tesouro, Janet Yellen, e da embaixadora dos Estados Unidos nas Nações Unidas, Linda Thomas-Greenfield.
Na última semana de Março, será a vez da vice-Presidente Kamala Harris visitar o Gana, Zâmbia e Tanzânia.
Veja Também Enviado de Biden a Angola adverte para o não endividamento dos países e analisa forte cooperação no sector energéticoO Departamento de Estado informou que nas discussões que manterá com o primeiro-ministro etíope Abiy Ahmed e autoridades de Tigray, Blinken irá centrar-se na "implementação do acordo de cessação das hostilidades para promover a paz e promover a justiça de transição no norte da Etiópia".
O conflito do Tigray levou os EUA a suspender alguns acordos comerciais preferenciais com a Etiópia, que o país deseja restaurar, mas o chefe da diplomacia americano avisou na sexta-feira, 17, que a normalização total das relações dependerá de mais acções do Governo etíope, particularmente após o conflito do Tigray.
"O que pretendemos fazer é reformular nosso compromisso com a Etiópia", disse Molly Phee, secretária de Estado adjunta para Assuntos Africanos, quem reiterou interesse de Washington "numa parceria compatível com seu tamanho e influência e com nosso interesse e compromisso com a África."
"Mas, para colocar essa relação numa trajectória ascendente, continuaremos a necessitar de medidas da Etiópia para ajudar a quebrar o ciclo de violência étnica-política que atrasou o país por tantas décadas", disse ela.
O conflito em Tigray eclodiu um ano depois do primeiro-ministro Abiy Ahmen ter recebido o Prémio Nobel da Paz na sequência do acordo para o fim da guerra com a Eritreia, rival de longa data.
Estima-se que 500 mil civis foram mortos no conflito de dois anos que terminou com um acordo de paz assinado na África do Sul em Novembro, que teve a mediação de funcionários dos EUA.
O conflito isolou a região de Tigray de mais de 5 milhões de pessoas, com a ajuda humanitária muitas vezes bloqueada e os serviços básicos cortados, enquanto os profissionais de saúde imploravam por suprimentos médicos mais simples.
O secretário de Estado americano também vai reunir-se com o presidente da Comissão da União Africana em Adis Abeba, Moussa Faki Mahamat, na tentativa de neutralizar as tentativas chinesas e russas de conseguir apoio dos Governos africanos na guerra da Rússia contra a Ucrânia.