Celebrou-se a 4 de Fevereiro o Dia Mundial de Luta contra o Cancro. O tema deste ano era “Juntos é Possível.”
O Director Regional da Organização Mundial de Saúde (OMS) para África, Dr. Luís Gomes Sambo, realçou que só com cada pessoa, organização e governo a fazerem a sua parte é que o mundo poderá reduzir as mortes prematuras por cancro.
É cada vez mais evidente que a Região Africana da OMS enfrenta um grande desafio de saúde pública devido ao aumento do fardo do cancro.
As projecções apontam para que ocorram em África cerca de 1,6 milhões de novos casos de cancro, com 1,2 milhões de mortes até ao ano de 2030.
As formas mais comuns da doença na Região são os cancros do colo do útero, da mama, do fígado, da próstata, o sarcoma de Kaposi e o linfoma de Hodgkins.
Entre os muitos factores de risco (evitáveis) de cancro contam-se: o uso do tabaco, o uso nocivo do álcool, a alimentação pouco saudável, falta de actividade física, algumas infecções crónicas, certas substâncias químicas nocivas (como os pesticidas e o amianto), e ainda a exposição à radiação ultravioleta.
Os conhecimentos científicos reunidos durante muitas décadas indicam que pelo menos um terço de todos os casos de cancro pode ser evitado.
A prevenção é a melhor estratégia a longo prazo e a que apresenta a melhor relação custo-benefício para o combate ao cancro.
Por exemplo, a implementação eficaz da Convenção-Quadro da OMS para a luta antitabágica pode, em última instância, fazer baixar as taxas de morbidade e mortalidade associadas aos cancros do pulmão e da garganta.
Do mesmo modo, a redução do consumo ou a não ingestão de álcool pode reduzir o risco de desenvolver cancro do fígado e do aparelho digestivo.
A alimentação saudável, principalmente as dietas ricas em fruta e legumes, podem ter um efeito protector contra muitas formas de cancro.
Mas de efeito oposto, temos o consumo excessivo de carne vermelha e em conserva, e que pode estar associado a um risco acrescido de cancro colo-rectal.
A actividade física regular juntamente com um peso normal, podem reduzir consideravelmente o risco de cancros do aparelho digestivo, ginecológicos e da mama.
Quase 26 por cento dos cancros em África estão ligados a infecções crónicas e 36 por cento das mortes pela doença são causadas por cancros de origem infecciosa, como os cancros do fígado e do colo do útero, o sarcoma de Kaposi e os linfomas.
As medidas preventivas, incluindo a vacinação em larga escala contra o vírus da Hepatite B, contra o vírus do papiloma humano e o tratamento adequado de infecções crónicas, contribuirão para reduzir o risco de cancro.
Deverão ser executadas medidas de prevenção individual e colectiva para evitar o contacto das pessoas com agentes cancerígenos integrados na poluição ambiental do ar, da água, do ambiente de trabalho e dos solos.
O Dr. Luis Gomes Sambo, director da OMS/África disse que está convicto de que a implementação destas medidas de prevenção primária irão reduzir significativamente o número de casos de cancro na região.
Disse ainda o Dr. Sambo que devemos permanecer atento aos sinais de alerta para podermos detectar a doença na sua fase inicial.
Em 2008, os países da Região Africana da OMS aprovaram uma estratégia regional para a prevenção e controlo do cancro, de modo a intensificar eficazmente as intervenções prioritárias, incluindo:
-- a elaboração de políticas, legislação e regulamentação
-- a mobilização e afectação adequada de recursos,
-- as parcerias e a coordenação
-- a formação do pessoal de saúde
-- a aquisição de infra-estruturas e equipamento adequado para prevenção primária, secundária e terciária,
-- a formação estratégica, vigilância e investigação.
Os sistemas nacionais de saúde deverão ser orientados para a promoção e apoio a estilos de vida saudáveis, no âmbito da abordagem dos cuidados de saúde primários, por forma a se fazerem escolhas mais saudáveis e adoptarem-se padrões de estilo de vida que fomentem a boa saúde.
O cancro continua a ser um dos maiores “assassinos silenciosos” que ameaçam o desenvolvimento sócio-económico de África.
A OMS vai continuar a colaborar com os parceiros regionais e internacionais de desenvolvimento para prestar apoio técnico aos países e aumentar a sensibilização do público para as medidas de prevenção necessárias para travar o curso da doença.