O MPLA adiou, pela terceira vez, a apresentação das listas dos deputados às eleições legislativas angolanas, previstas para este ano. Foi durante a IV sessão ordinária do Comité Central do MPLA, que decorreu, sexta-feira, em Luanda.
Anteriormente, o presidente José Eduardo Dos Santos tinha afirmado que a questão das legislativas ficaria resolvida em Janeiro deste ano, já de si um adiamento de um mês..
Desta feita, ao discursar na reunião do Comité Central, Eduardo dos Santos disse que estavam em causa apenas "os princípios e critérios a adoptar" na elaboração das listas de candidatos a deputados, sem fixar novo prazo.
O adiamento poderá ter sido suscitado por debate interno sobre o lugar a ocupar na lista por Manuel Vicente, o ex-presidente do Conselho de Administração da Sonangol, empossado, quinta-feira, como ministro de Estado e da Coordenação Económica, num gesto interpretado como uma promoção política e indiciadora de que Eduardo dos Santos o tenciona torná-lo seu sucessor político.
O cabeça de lista do partido vencedor das eleições legislativas é designado como Presidente da República. O segundo é designado vice-presidente, mas pode assumir a chefia do Estado, por impossibilidade ou resignação do Presidente.
Ao candidatar-se no segundo lugar na lista do MPLA, Manuel Vicente poderia chegar à presidência se, como se especula, Eduardo dos Santos decidisse abandonar o poder antes do fim do seu próximo mandato - no pressuposto, geralmente aceite, de que o MPLA vencerá as eleições deste ano.
José Eduardo dos Santos disse que o seu partido tem trabalhado para o bem-estar da população e pediu compreensão para aquilo que está a ser feito para o seu benefício.
Não reconheceu erros de acção ao MPLA ou ao executivo, apontando apenas falhas na transmissão e divulgação das realizações dos mesmos. "Temos de reconhecer que ainda não conseguimos transmitir e divulgar da melhor maneira as nossas realizações. Também não temos sido capazes de assegurar o conhecimento correto e oportuno, tanto no interior como no exterior do país, da actividade desenvolvida, quer pelo partido, quer pelo executivo", disse.
Referindo-se ao período eleitoral que se avizinha, Eduardo dos Santos adiantou que o seu partido já traçou a sua estratégia e vai ter como base a vontade do povo.