Um economista angolano criticou o programa de rentabilização dos Caminhos-de-Ferro de Moçâmedes (CFM) afirmando que a empresa devia ser privatizada.
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Josè Makuva reagia à decisão do Conselho de Administração do CFM), com sede no Lubango, de lançar um programa para rentabilizar as suas infraestruturas ferroviárias construídas ao longo dos cerca de 900 quilómetros da linha que liga as províncias do Namibe, Huíla e Cuando Cubango.
O programa, a ser executado no âmbito das parcerias público-privadas, visa capitalizar os investimentos milionários efetuados pelo governo angolano no quadro da reabilitação e modernização do CFM.
O mesmo está a ser cumprido através de uma concessionária que trata da gestão e rentabilização do património da empresa.
O economista Altino Silvano vê mérito na decisão, mas alerta para a importância da transparência no processo.
“Os concursos devem ser transparentes, devem vencer os melhores, os que apresentarem melhores propostas, aqueles que têm melhores capacidades técnicas e financeiras para poderem explorar essas infraestruturas, porque senão corremos o risco de termos vencedores que não tenham capacidade nenhuma nem sequer experiência e se assim acontecer poderão comprometer os grandes desafios com essas infraestruturas”, diz.
Cético com a medida está o economista José Makuva, que analisa a decisão como uma forma que a empresa encontrou para atenuar os prejuízos que as empresas públicas no geral estão a registar com o cenário económico desfavorável dos últimos anos.
José Makuva entende que a rentabilização do CFM passaria pela sua privatização.
“Não é um programa que se espera que traga resultados satisfatórios. O ideal era que a própria empresa fosse privatizada ou, pelo menos, fosse terciarizada, no sentido que ela estivesse a funcionar totalmente dentro das regras do mercado. Com essa decisão penso que ela vai continuar na mesma sem que se espere dela grandes resultados”, afirma Makuva.
Neste momento, estão disponíveis espaços para exploração ao longo da linha, anunciou o diretor comercial do Caminho-de-Ferro de Moçâmedes, Carlos Roll.
“O Caminho-de-ferro de Moçâmedes tem à disposição os espaços das estações ao longo da linha para parceria para que esses autores montem um negócio, um escritório, desde que não ofendam o interesse público-privado”, disse Roll.
O CFM beneficiou-se a partir do meio do início da década do ano de 2000 de avultados investimentos no âmbito do crédito da China a Angola que permitiu a reabilitação e modernização da linha, construção de estações, armazéns e outras infraestruturas de apoio.
Os investimentos milionários que marcaram o início da entrada em força de dinheiro chinês em Angola contemplaram igualmente o Caminho-de-ferro de Benguela (CFB) e o Caminho-de-ferro de Luanda, (CFL).