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Angola: CFB sem capacidade para satisfazer procura


A escassez de carruagens e a passagem de locomotivas para o concessionário dos serviços ferroviários e logística do Corredor do Lobito, em Angola, explicam a redução de comboios na linha Bié/Moxico, fronteira com a República Democrática do Congo, apurou a Voz da América.

Caminhos de Ferro de Benguela sem carruagens pra atender à demanda -3:34
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A superlotação dos poucos comboios do Caminho-de-ferro de Benguela (CFB), uma preocupação manifestada pela quarta Comissão da Assembleia Nacional, representa a principal consequência de uma situação que gera questionamentos em relação à forma como está a ser conduzida a mudança de gestão.

Ao abrigo do contrato entre o governo angolano e o concessionário europeu, o CFB fica apenas com o transporte de passageiros e produtos das famílias, estando a mercadoria pesada, com realce para os minérios, nas mãos da Trafigura, Mota Engil e Vecturis.

Fonte do Caminho-de-Ferro de Benguela, contactada pela VOA na sequência de uma visita de deputados, revelou que a entrega de carruagens e vagões ao concessionário, ainda sem os meios que prometeu importar, deixou um enorme vazio.

Sem condições para pagar dívidas a fornecedores, o CFB não consegue superar avarias em carruagens.

Tudo isto preocupa o vice-presidente da quarta Comissão da Assembleia Nacional, o deputado Paulo de Carvalho, que afirmou que “não se estão a pagar dívidas ao exterior e isso está a limitar a acção do CFB, sobretudo no Bié e Moxico. Há diminuição das frequências, também há superlotação dos comboios”.

Eugénia Santos, uma estudante que usa os comboios do CFB na variante Bié-Moxico, confirma o cenário de enchente nas carruagens, afirmando que “antigamente não era assim. Agora chegamos ao Bié e está tudo cheio”. “Vendem mais bilhetes do que a capacidade existente”, acrescentou a estudante.

O analista José Cabral Sande, que lançou alertas num fórum em que estiveram presentes administradores do CFB, considera que há prejuízos para as famílias, por conta dos moldes desta concessão. "Deviam, primeiro, ter comprado o que é deles, deixavam o nosso”, disse.

Sande acrescentou que "deviam ter uma nova linha, específica para os minerais, como antigamente”.

O concessionário atende apenas os chamados grandes clientes, como a cimenteira Cimenfort, a Carrinho e a Sonangol.

A VOA procurou obter esclarecimentos do Conselho de Administração, mas sem sucesso.

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