A reestruturação e a consequente privatização da companhia área cabo-verdiana é o passo necessário que deve ser dado, aliás que já devia ter acontecido, defende o economista Fernando Gil Évora.
Para o entrevistado da VOA que já desempenhou funções directivas nos TACV, o estado não pode continuar a enjectar dinheiro do tesouro público na referida empresa, verbas que serviriam para resolver outros assuntos essenciais na vida social do país.
Gil Évora considera que há muito tempo que se tem o diagnóstico da campainha aérea cabo-verdiana, mas os sucessivos executivos não tiveram a coragem de implementar medidas necessárias para o emagrecimento, reorganização e a privatização da mesma.
Com a insustentabilidade e devido a pressão dos organismos financeiros internacionais parceiros de desenvolvimento, o actual Governo está obrigado a meter mão no processo de reestruturação, situação que necessariamente implica redução considerável de trabalhadores.
No entanto o processo deve ser acompanhado de mecanismos que salvaguardem os direitos dos funcionários, bem como o serviço público de transportes, tendo em conta que o país é formado por ilhas e comunidades emigradas.
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Uma das medidas alinhavadas pelo executivo passa pela concepção das linhas internacionais operadas pelos TACV, solução que Gil Évora aprova.
No que toca às ligações internas que contam agora com o concurso de duas empresas, com a recente entrada em funcionamento da privada Binter Cabo Verde - investimento das Canarias, o economista defende a criação pelo Governo de um caderno de encargos exigindo as referidas operadoras de transporte aéreo a cumprirem os serviços públicos para as ilhas de menor dimensão e volume de passageiros.
Quanto a possíveis interessados na privatização dos TACV, Évora considera que as companhias aéreas europeias podem surgir na linha da frente, tendo em conta as ligações operadoras pela transportadora aérea cabo-verdiana para países do velho continente.
Na mesma linha de pensamento, o jurista Pascoal Rolim diz ser crucial a implementação de medidas que resolvam os vários problemas da transportadora do arquipélago, permitindo a sua privatização.
Na opinião de Rolim, não se pode gastar mais dinheiro do erário público e acumular problemas sob a capa de “termos uma companhia de bandeira nacional”.
No mundo global, de economia aberta, o jurista afirma que se deve fazer uma gestão verdadeiramente empresarial, já que está provado que em muitos sectores o estado revela-se mau gestor.
O governo cabo-verdiano continua à procura de parceiro estratégico visando a criação de condições efectivas para que os TACV continuem a voar, mas num cenário de tranquilidade e sustentabilidade.