Centenas de funcionários públicos em distritos alvos de ataques terroristas em Cabo Delgado protestam perante avisos das autoridades para o “regresso imediato” aos postos de trabalho, argumentando que não há condições mínimas de segurança.
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A maioria de funcionários públicos fugiu dos ataques dos insurgentes com as suas famílias e se encontra na condição de deslocados em Pemba, a capital, noutros distritos mais a sul de Cabo Delgado e nas províncias vizinhas de Nampula e Niassa.
Veja Também Comandante policial alerta para perigo dos ataques de insurgentes se alastrarem a NiassaDepois dos governos distritais de Muidumbe e Ilha do Ibo terem emitido avisos para a retoma imediata dos funcionários públicos aos seus postos em 2020, sob pena de serem desvinculados do Estado, agora foi a vez de Palma e Nangade convocar os funcionários públicos, que fugiram dos ataques de insurgentes.
A convocatória de Palma, que desde a semana passada é debatida nas redes sociais, determina que serão marcadas “faltas” e haverá implicações na “efectividade” dos funcionários que não comparecerem aos postos de trabalho.
O prazo de apresentação era até 20 de Janeiro, mas os funcionários públicos dizem que tal é “absurdo”, por não existirem condições mínimas de segurança, sendo prova disso a ocorrência de ataques em aldeias do distrito e emboscadas em estradas por onde devem circular para chegar aos seus postos de trabalho.
Veja Também Palma sob ameaça de invasão de insurgentes na terça-feira“Ainda continuam a destruir aquelas aldeias ao redor da vila, e o governo está a nos obrigar a voltar ao distrito todos os dias, anda aí a cantar todos os dias ‘voltem’, estamos mal”, mas a verdade é que não há segurança”, disse à VOA um professor secundário.
Na semana passada, os insurgentes atacaram uma posição da polícia da guarda fronteira na aldeia Mandimba (Nangade), com registo de quatro baixas, tendo o grupo ocupado o local durante dois dias.
Veja Também Total analisa com Presidente moçambicano segurança de projecto bilionário em Cabo DelgadoAinda segundo relato dos moradores, os insurgentes continuam a emboscar viaturas com frequência no único troço que liga a sede distrital de Nangade a vila de Palma, o distrito dos megaprojetos bilionários de gás natural.
“Começaram em Namioni. Um grupo atacou Namioni e outro grupo atacou Mandimba e mais dois povoados (…) agora insistem para voltarmos, como vamos voltar?”, questionou um outro funcionário.
“Desde que entraram em Muidumbe, no ano passado, até agora estão em Muidumbe; não saem e não saíram e ninguém os consegue tirar”, disse o funcionário que sublinhou que a ocupação daquela sede distrital se seguiu a vários avisos para o regresso aos postos de trabalho.
Em Janeiro, a intensificação de ataques de insurgentes a três aldeias próximas da área onde está em implantação o projecto de gás natural, incluindo a península de Afungi, forçou a evacuação dos trabalhadores da multinacional francesa Total, no distrito de Palma.
A vila sede de Palma, vizinha de Nangade, tida até então como segura devido à presença significativa de uma força especial conjunta de segurança, esteve em Janeiro sob ameaça de invasão dos rebeldes, que enviaram vários panfletos avisando sobre o ataque.
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