Presidente de banco moçambicanodiz à VOA que "visão distorcida" impede ainda que relações comerciais progridam.
É preciso mudar a mentalidade de “negócios só de oportunidade” dentro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), sobretudo, entre Brasil, Portugal e as nações africanas lusófonas. Essa foi a conclusão da maior parte dos especialistas presentes ao encontro de negócios da CPLP, realizado recentemente em Belo Horizonte.
Para economistas e estudiosos de relações internacionais os representantes de países africanos, sejam do governo, de entidades privadas ou do empresariado deixam claro que os tempos são outros. Os africanos só estão interessados agora em parcerias reais, com ganhos para os investidores sim, mas que tragam desenvolvimento para o continente que já foi tão explorado.
O presidente do Banco Único em Moçambique, João Figueiredo, fala da visão distorcida que ainda impede que as relações comerciais entre brasileiros e moçambicanos, por exemplo, progridam.
“O que aconteceu, ao longo dos últimos tempos, é que em todas as relações comerciais e de cooperação entre Moçambique e muitos países estivemos na posição de dominados. Não há uma distribuição equilibrada do que é o resultado dessa parceria ou cooperação,” afirma.
O executivo do Banco Único em Moçambique avalia que a boa notícia é que essa mudança de concepção começa a dar sinais.
“Até bem pouco tempo as pessoas olhavam para Moçambique como um local para investir e recolher. Pessoas queriam ter retorno do investimento rápido e fazer um negócio de oportunidade. Eu hoje começo a sentir algo diferente, uma visão de médio e longo prazo, de cimentar uma relação com o país, criar uma relação de investir no plano doméstico no próprio país, isso é muito importante”.
O moçambicano destaca que é preciso lembrar que há mais factores positivos do que negativos para que as relações, entre Brasil e Moçambique, sejam intensificadas. “As trocas comerciais que existem entre Brasil e Moçambique devem passar para um segundo patamar, de algum investimento em outros sectores que não só o da construção. Sabemos que Banco Único em Moçambique está no sector das Minas, mas há um conjunto de experiências em outros sectores de actividades económicas. Nós podemos tentar aproveitar um pouco essa facilidade que resulta de uma língua comum, de características e história comuns para podermos alimentar mais essa cadeia de relação entre o Brasil e o Moçambique”.
João Figueiredo aponta as principais áreas que podem atrair o interesse de investimentos de Brasileiros em Moçambique nesse novo momento de relações.
“A agricultura do Brasil é fantástica e eu sinto que nesse sector era importante haver um incremento da relação com Moçambique. E isso não só para produção do mercado moçambicano, mas para a exportação. Moçambique hoje importa a maior parte dos seus produtos básicos, tendo uma terra arável. Mais de 45% das terras moçambicanas são boas para a agricultura e poderiam ser produtivas.”
Entre as possibilidades de investimentos brasileiros no território moçambicano, discutidas no 7º Encontro de Negócios, estão também as da área do turismo.
“Moçambique tem 2.800 kms de costa e o Brasil tem uma grande experiência em instâncias turísticas, de turismo de praia. Porque não cooperar para construir esse turismo de praia em Moçambique”, lembra.
Para o moçambicano João Figueiredo, as possibilidades não terminam por aí.
“Temos a indústria extractivista e no transporte. Vocês têm uma rede de transporte público que, para todos os efeitos, é muito equilibrada quando comparada com a nossa, muito deficitária”, afirma. “Nas áreas das telecomunicações, da saúde, na área da educação. Há, portanto, uns cem números de oportunidades para a troca de experiências e de investimentos que podem ser feitas entre Moçambique e Brasil”, completa.
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O presidente do Banco Único em Moçambique, João Figueiredo, fala da visão distorcida que ainda impede que as relações comerciais entre brasileiros e moçambicanos, por exemplo, progridam.
“O que aconteceu, ao longo dos últimos tempos, é que em todas as relações comerciais e de cooperação entre Moçambique e muitos países estivemos na posição de dominados. Não há uma distribuição equilibrada do que é o resultado dessa parceria ou cooperação,” afirma.
O executivo do Banco Único em Moçambique avalia que a boa notícia é que essa mudança de concepção começa a dar sinais.
“Até bem pouco tempo as pessoas olhavam para Moçambique como um local para investir e recolher. Pessoas queriam ter retorno do investimento rápido e fazer um negócio de oportunidade. Eu hoje começo a sentir algo diferente, uma visão de médio e longo prazo, de cimentar uma relação com o país, criar uma relação de investir no plano doméstico no próprio país, isso é muito importante”.
O moçambicano destaca que é preciso lembrar que há mais factores positivos do que negativos para que as relações, entre Brasil e Moçambique, sejam intensificadas. “As trocas comerciais que existem entre Brasil e Moçambique devem passar para um segundo patamar, de algum investimento em outros sectores que não só o da construção. Sabemos que Banco Único em Moçambique está no sector das Minas, mas há um conjunto de experiências em outros sectores de actividades económicas. Nós podemos tentar aproveitar um pouco essa facilidade que resulta de uma língua comum, de características e história comuns para podermos alimentar mais essa cadeia de relação entre o Brasil e o Moçambique”.
João Figueiredo aponta as principais áreas que podem atrair o interesse de investimentos de Brasileiros em Moçambique nesse novo momento de relações.
“A agricultura do Brasil é fantástica e eu sinto que nesse sector era importante haver um incremento da relação com Moçambique. E isso não só para produção do mercado moçambicano, mas para a exportação. Moçambique hoje importa a maior parte dos seus produtos básicos, tendo uma terra arável. Mais de 45% das terras moçambicanas são boas para a agricultura e poderiam ser produtivas.”
Entre as possibilidades de investimentos brasileiros no território moçambicano, discutidas no 7º Encontro de Negócios, estão também as da área do turismo.
“Moçambique tem 2.800 kms de costa e o Brasil tem uma grande experiência em instâncias turísticas, de turismo de praia. Porque não cooperar para construir esse turismo de praia em Moçambique”, lembra.
Para o moçambicano João Figueiredo, as possibilidades não terminam por aí.
“Temos a indústria extractivista e no transporte. Vocês têm uma rede de transporte público que, para todos os efeitos, é muito equilibrada quando comparada com a nossa, muito deficitária”, afirma. “Nas áreas das telecomunicações, da saúde, na área da educação. Há, portanto, uns cem números de oportunidades para a troca de experiências e de investimentos que podem ser feitas entre Moçambique e Brasil”, completa.