A Procuradoria-Geral da República de Angola deve cumprir o seu dever e analisar as queixas-crime de corrupção contra entidades ligadas ao Presidente Eduardo dos Santos, disse o antigo embaixador angolano na ONU António Parreira.
Parreira falava sobre a queixa apresentada recentemente pela organização Mãos Livres contra diversos colaboradores do Presidente José Eduardo dos Santos por alegada fraude no pagamento da dívida de Angola á antiga União Soviética.
Os pagamentos á Rússia – que herdou a dívida da URSS – foram alegadamente feitos pela companhia petrolífera Sonangol para uma companhia criada para servir de via de conduta para Moscovo e de onde fundos foram desviados a favor de dirigentes e empresários russos e angolanos.
Ao mesmo tempo que a queixa-crime foi apresentada em Luanda a organização Corruption Watch pediu às autoridades suíças para reabrirem um processo contra o presidente dos Santos e os seus colaboradores.
Parreira acompanhou representantes da organização Mãos Livres a Bruxelas onde o relatório foi apresentado ao parlamento europeu.
Interrogado sobre as pressões que o Procurador poderia estar a ser alvo Parreira disse que há razões para se sentir pena daquela entidade.
“Esperamos que ele cumpra o seu dever,” disse.
Respondendo a uma pergunta do ouvinte Benvindo Daniel, de Luanda, Parreira concordou que o sistema judicial angolano “não tem credibilidade”.
“É um sistema de um peso e muitas medidas,” disse Parreira que foi também professor universitário e é autor de vários livros o último dos quais acabo de publicar é um dicionário da Etnologia Angolana.
Um dos temas abordados por diversos ouvintes foi a questão das eleições autárquicas e as declarações de elementos do governo de que as mesmas poderão ser adiadas.
“O governo do MPLA tem medo das autárquicas,” disse Parreira respondendo a uma pergunta sobre a questão do ouvinte Afonso Garcia da Huíla.
O convidado da Voz da América disse que há o medo dentro do partido no poder de perder o controlo de várias cidades.
“ O medo é sobretudo de perder Luanda e possivelmente Benguela,” disse.
“Por isso arranjam-se todo o tipo de desculpas que não passam de desculpas de mau pagador,” acrescentou.
Adriano Parreira disse que os partidos da oposição fazem face a enormes dificuldades de falta de meios para fazerem o seu trabalho através do países também pelo facto de não haver liberdade de imprensa.
Mesmo os jornais privados, disse ,” foram comprados por indivíduos ligados ao poder”.
“A manipulação e a mentira tem sido lugar comum desde a independência,” disse Parreira em dialogo com o ouvinte Vasco Antunes do Bié.
Antunes tinha feito referência o que disse serem “mentiras” do governo ao afirmarem que a população tinha acesso a medicamentos.
António Parreira disse que o sistema de saúde de Angola era marcado pelo caos notando que “90% da população não tem água potável”.
“A malária mata 30.000 crianças só em Luanda,” acrescentou.
António Parreira exortou os angolanos a organizarem-se e a reinvidcarem de forma pacifica os seus direitos.
“Não há solução possível para aqueles que não se arrisquem a lutar pela sua liberdade,” disse.
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