A Administração Municipal de Benguela vai iniciar sexta-feira a venda dos terrenos no bairro das Salinas de onde dezenas de famílias foram desalojadas e enviadas para a escola do Magistério com poucas condições de habitabilidade.
Your browser doesn’t support HTML5
Os antigos residentes prometem continuar a resistir e o seu advogado José Faria avisa que a venda é ilegal.
O anúncio das autoridades, foi feito por via de um edital que estipula os preços preços entre 400 mil e 1 milhão de kwanzas.
Alguns antigos residentes fazem notar que tinham pago pelos terrenos antes de lá terem sido expulsos.
Em nome de um grupo com mais de 100 elementos, o cidadão João Mavinga, detentor do comprovativo de pagamento no banco público BCI (Banco de Comércio e Indústria), numa conta denominada “Embelezamento das Cidades’ disse ter um “sentimento de tristeza, nada vai, nada vem, é assim há mais de três anos, mas já fizemos os pagamentos”.
"Talvez fosse melhor dividir terras (nas Salinas) também para nós. Queremos saber quem vai devolver o nosso dinheiro”, acrescentou.
Mavinga, à semelhança dos demais, reclama um lote no projecto denominado “Benguela Sul”, onde, segundo informações disponíveis, as delimitações da área estão já a desaparecer.
Maria Jamba de Almeida, ex-moradora, reafirma que as famílias desalojadas vão até às últimas consequências e sentem-se chocadas com o anúncio da venda dos terrenos.
"Isto abalou com os ‘salineiros’, até porque a Administração sabe que o caso está em tribunal. Mas não vamos sair de lá , o bairro pode ser o nosso cemitério, só se for isso. Vamos lutar a ferro e fogo até ao fim”, disse.
Em comunicado distribuído à imprensa, a defesa das famílias, liderada pelo advogado José Faria, escreve que a venda de terrenos nas Salinas é ilegal, pelo que lança um apelo à não adesão a um negócio susceptível a outros conflitos.
O documento lembra que existem várias processos judiciais sem sentença, sendo um contra as autoridades municipais pelo que se considera ser brutalidade no acto de desalojamento.
Não há qualquer posição da Procuradoria-geral da República, o órgão que fiscaliza a legalidade.