O historiador angolano Carlos Pacheco disse que teve que responder a “dezenas e dezenas” de páginas de perguntas sobre a sua biografia de Agostinho Neto titulada “Perfil de Um Ditador”, num recente interrogatório numa delegação da Procuradoria do Brasil.
Na semana passada Pacheco deslocou se a uma representação da Procuradoria-Geral do Brasil, onde reside, para responder a perguntas que foram enviadas pelas autoridades judiciais de Portugal, onde a Fundação Agostinho Neto apresentou queixa contra o autor do livro por alegada “ofensa”.
O interrogatório começou cerca às 9.30 da amanhã e prolongou-se até às seis da tarde.
O interrogatório foi preparado pelas autoridades em Lisboa de “de acordo com as queixas que foram apresentadas pela parte queixosa que é a Fundação Agostinho Neto”.
Muitas das perguntas continham citações do livro que o procurador ia lendo, revelou Pacheco.
“Foi um ritual a que eu chamaria de um teatro do ridículo”, acrescentou o historiador.
O interrogatório foi gravado e filmado e deveria ser enviado para as autoridades portuguesas nesta semana.
“A parte queixosa respigou inúmeras passagens do meu livro desde o primeiro ao segundo volume, mas mais ao primeiro volume”, disse Carlos Pacheco, acrescentando que há queixas repetidas”.
Algumas das perguntas incidiram sobre o assassinato de Matias Migueis e José Miguel, militantes que se haviam afastado do MPLA mas que foram presos pelas autoridades congolesas e assassinados, segundo Pacheco, por ordem da direcção do MPLA, incluindo de Agostinho Neto.
O historiador recordou que o seu livro tem “3.500 notas de rodapé” justificando os factos que menciona no livro.
Pacheco disse não saber o que vão decidir as autoridades portuguesas sobre a queixa da Fundação Agostinho Neto depois de ouvirem o seu interrogatório.
O historiador conclui ter confiança na independência do sistema judiciário português