O historiador angolano Carlos Pacheco vai ser ouvido na quinta-feira, 10, pela Procuradoria-Geral brasileira sobre uma queixa-crime apresentada pela Fundação Agostinho Neto contra ele.
Pacheco vive no Brasil e a queixa foi apresentada em Lisboa, tendo as autoridades judiciais portugueses pedido à procuradoria brasileira para ouvir o historiador, iniciando assim “ a instrução daquilo que vai ser o grande processo contra mim”, disse Pacheco à VOA.
A queixa foi apresentada após a publicação do livro publicado há quase dois anos em Lisboa “Agostinho Neto Perfil de um Ditador – A História do MPLA em Carne Viva”, da autoria de Carlos Pacheco.
“É uma obra de quase 1.500 páginas, onde eu faço uma biografia exaustiva do Neto, faço uma biografia daquilo que foi a dinâmica da luta armada”, explica o historiador que, acrescenta, detalhar no livro não só o que foi a história do MPLA e de Agostinho Neto, mas também dos outros movimentos de libertação e das guerras internas e mútuas em que estiveram envolvidos.
“Muitos, muitos crimes”, foram cometido, segundo o historiador
A Fundação Agostinho Neto disse que a obra “ofende” a figura do Presidente Neto e outras personagens do MPLA.
Para Carlos Pacheco “está-se perante uma tentativa de amordaçar os historiadores”.
“Eu não sou o único atingido”, garantiu.
“Se isto tiver um desfecho favorável a quem está requerendo a queixa-crime não serei eu apenas o atingido, todos os historiadores o serão”, acrescentou Pacheco para quem “neste caso trata-se de um historiador mas amanhã poderia ser a voz de um sociólogo ou a voz de qualquer outro estudioso”.
“Trata-se de uma tentativa de abafar uma voz”, concluiu aquele historiador angolano.