A seita nigeriana Boko Haram mais uma vez mostrou a sua capacidade em impôr o medo e o terror com uma série de ataques que fizeram 39 mortos no ultimo fim de semana na Nigéria.
Especialistas de segurança suspeitam que esse grupo islamico esteja em conexão com outras organizações terroristas em África.
O ataque contra as instalações das Nações Unidas em Abuja levantou suspeitas de que a Boko Haram esteja a operar com uma maior desenvoltura e reforçou a ideia de que esse grupo possa ter relações directas com a al-Qaida.
Greg Barton é director do Centro Islamico e Mundo Moderno numa universidade australiana.
“Ao longo dos anos eles mudaram a sua filosofia para concentrar numa nova e mais familiar visão da jihad que deseja a mudança no país, e fazer de si um problema global. E eles têm estabelecido contactos com a al-Shabab na Somália e com a al-Qaida no Magreb Islamico, na Argélia, que é muito preocupante. Portanto eles internacionalizaram os seus objectivos e isso significa que é quase impossível negociar com os mesmos.”
O chefe do comando americano em África o General Carter Ham mostrou-se preocupado acerca da reivindicação da Boko Haram de ter tido apoios de outros grupos ligados a al-Qaida na regiao.
O General Ham disse em Setembro ultimo a um grupo de jornalistas especializados em questões de defesa, que estava essencialmente preocupado com o facto desses grupos pretenderem agir em conjunto.
No ano passado a al-Qaida do Magreb – AQIM anunciou publicamente que apoiaria a Boko Haram com armamentos e treinos. Mas os dois grupos têm usado tacticas diferentes. Operando no Mali, Niger e Argélia, a AQIM notabilizou-se pelo rapto principalmente de trabalhadores e turistas europeus, numa alegada acção de retaliação a exploração comercial do norte de África por companhias estrangeiras.
Do outro lado do continente também existem provas do relacionamento entre a Boko Haram e facções da milicia al-Shabab.
Responsáveis de segurança nigerianos disseram igualmente que o cérebro do ataque contra o edifício das Nações Unidas em Abuja, Mamman Nur, planeou a operação depois do seu regresso da Somália.
Abdi Samad um especialista em questões de segurança diz que o grande problema acerca da Boko Haram é saber se o grupo está interessado numa filosofia jihadista global, que poderia sintoniza-lo com os membros da al-Shabab.
“A diferença entre a Boko Haram e a al-Shabab é que existem alguns elementos da al-Shabab que advogam o apelo ao jihad mundial e que vão introduzir o Islao da China ao Chile, da cidade do Cabo ao Canada. O que siginifica que eles vão assimilar todo o mundo. Esta é a filosofia da al-Shabab, ou melhor, de um segmento da al-Shabab – mas eu não estou seguro se partilham essa mesma filosofia com a Boko Haram.”
A Comissão Anti-Terrorista da Uniao Africana apresentou um relatório no inicio deste mês detalhando os esforços da organização para fazer face as ameaças regionais.
A Comissão Anti-terrorismo da Uniao Africana apelou para uma maior coordenação dos esforços na luta contra as organizações terroristas adiantando que as acções desses grupos representam o sinal de alarme das ameaças que o continente enfrenta.