A União Africana reconheceu finalmente o Conselho Nacional de Transição líbio, conferindo assim mais um golpe ao deposto presidente o Coronel Muammar Kadhafi.
Segundo o correspondente da Voz da América, Scott Stearns, alguns líderes africanos reconheceram que o atraso da União Africana demonstra a sua situação de actor fora do jogo.
A União Africana indicou que estava pronta para apoiar o Conselho Nacional de Transição nos seus esforços com vista a constituir um governo inclusivo na Líbia. No seu comunicado distribuído ontem, o organismo pan-africano apelou ao novo poder líbio a proteger os trabalhadores estrangeiros, vítimas de milícias que os consideram de mercenários pró-Kadhafi.
A União Africana levou tempo a reconhecer o Conselho Nacional de Transição líbio, isso enquanto outros países e organizações como a União Europeia, Estados Unidos da América e vários outros Estados Africanos como a Nigéria, Etiópia, Senegal e a Costa do Marfim, o tenham feito há mais de um mês.
O presidente da Costa do Marfim, Alassane Ouattara disse que o tardio reconhecimento do CNT pela União Africana prova a fraca influencia deste órgão pan-africano.
“Devo confessar que estou muito desapontado com a União Africana – a falta de eficiência, o atraso das decisões, o facto da desconexão de diferentes sub-regiões no processo de tomadas de decisão. E não penso que a Comissão da União Africana tenha realmente algum poder ou responsabilidade.”
Sobre o dossier líbio, o presidente Ouattara disse que tem sido como se a União Africana não existisse, não saiba o que se está a passar no mundo, quando o que tem a fazer é ver as televisões para ver que o Conselho Nacional de Transição assumiu o poder. O presidente costa-marfinense adiantou que cabe as alianças regionais como a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental – CEDEAO – a melhorar a prestação da organização de 54 Estados membros.
“Pôr a União Africana a trabalhar melhor devia ser uma prioridade. E nós a nível da CEDEAO certamente que temos esta ambição. Somos 15 países membros. Penso que estamos em melhor coordenação. Estamos em contactos com todos outros.”
O presidente Ouattara interveio durante a sessão do Conselho de Relações Externas dos Estados Unidos em Nova Iorque ao lado de outros dirigentes africanos como o presidente Ernest Koroma da Seraa-Leoa. Koroma disse que a crise líbia provou a necessidade de readaptar a União Africana.
A África do Sul liderou o grupo de países Africanos membros da União Africana que resistiu em reconhecer o governo interino na Líbia. Mas o governo do presidente Jacob Zuma logo a seguir ao reconhecimento da União Africana, não perdeu tempo e reconheceu igualmente os novos dirigentes de Tripoli.