A acusação de agressão sexual contra o antigo director do FMI, Dominique Strauss-Kahn levantou o véu sobre um tema considerado de tabu em França: a vida privada de figuras públicas e uma assumida cultura de chauvinismo machista.
As acusações de agressão sexual contra Dominique Strauss-Kahn demitido recentemente em consequência do cargo de director-geral do Fundo Monetário Internacional, deu lugar e grandes debates e apelo a moralidade em França. Foram também despoletadas ondas sensacionais de acusações semelhantes. A primeira, da jornalista que acusa Strauss-Kahn de a ter atacado durante uma entrevista há cerca de anos.
No Domingo, o ministro Georges Tron demitiu-se do governo depois de ter sido acusado de assédio sexual por duas antigas funcionárias do seu gabinete quando era presidente de câmara de uma pequena cidade.
Falando numa rádio francesa, uma das acusadoras disse que esperou anos para mover o processo contra o ministro Georges Tron e que não tem intenções de abandonar o caso.
Agora, o escândalo do ministro Tron, foi ultrapassado por um outro, e desta vez sobre revelações de pedofilia de um antigo ministro, feitas por um ex-ministro colega Luc Ferry.
Durante um programa de televisão esta semana, Luc Ferry acusou sem citar nome um ex-ministro de praticas sexuais com rapazes adolescentes no Marrocos. Ferry disse que o caso era largamente conhecido na alta esfera política francesa.
Ontem o ministério público francês abriu um inquérito preliminar com vista a provar as alegações. Activistas dos direitos humanos anunciaram que irão apresentar queixas na justiça.
A classe política francesa tem expressado uma série de emoções em relação aos vários escândalos sexuais actualmente em curso. No passado era largamente aceite que essas revelações “morriam a porta do quarto.” Hoje muitos são os que se queixam que a politica francesa está ao nível dos países anglo-saxónicos onde revelações de assuntos de vida privada de figuras públicas podem ser consideradas como parte do jogo. Contudo outros argumentam que as alegações têm ajudado, quando falta um ano para as eleições presidenciais.
Outros ainda como ministro dos negócios estrangeiros Alain Juppé mostram-se preocupados.
Quanto as alegações de pedofilia, Juppé disse à rádio francesa que as acusações eram sérias e que mereciam investigação judicial. O ministro disse ainda que os responsáveis públicos devem estar acima de suspeitas.
Os escândalos sexuais crescentes têm também levantado um aceso debate sobre os direitos das mulheres. A líder de uma organização feminina defendeu que se está perante um verdadeiro sexgate na política francesa.