Director do FMI demite-se para permitir o funcionamento da instituição

Director do FMI demite-se para permitir o funcionamento da instituição

Dominique Strauss-Kahn deixa a porta aberta a sucessão, mas a substituição parece dificíl com a reivindicação dos países emergentes

O director-geral do Fundo monetário Internacional demitiu-se do cargo depois da sua acusação e detenção por alegado assalto e violação sexual.

Dominique Strauss-Kahn que encontra-se preso numa cadeia em Nova Iorque, disse que vai dedicar toda a sua força, tempo e energia para provar a sua inocência.

Strauss-Kahn compareceru hoje de manhã ao tribunal de Manhattan que deverá decidir sobre o seu pedido de liberdade condicional.

O antigo director-geral do FMI comprometeu-se a pagar uma caução de 1 milhão de dólares e a permanecer em Manhattan enquanto decorrer o processo.

Futuro director-geral do FMI deve ser de consenso

Ao demitir-se do cargo de director-geral do FMI, Dominique Strauss-Khan colocou em aberto a questão de sua sucessão a frente dessa instituição financeira internacional.

De momento parece não haver um consenso sobre a escolha, e alguns países com influências internacionais estão a apelar para candidatos consensuais e legítimos.

A demissão formal de Strauss-Khan, desencadeou um febril processo de sucessão, e sobre uma dezena de candidatos que alinham para o cargo paira uma pesada nuvem de incertezas.

Nunca a nomeação de um director-geral do Fundo Monetário Internacional pareceu assim tão complicada. Tudo por causa dos chamados países emergentes e membros do G20 que exigem que doravante a nomeação terá que ser consensual. O exemplo mais plausível, está expressa numa carta que o Brasil enviou aos países membros do G20 apelando para que o sucessor de Dominique Strauss-Khan fosse eleito por um “amplo consenso”. O governo brasileiro advoga que se o FMI quiser ter legitimidade o seu director-geral tem que ser escolhido apenas depois de uma ampla consulta com os países membros e a selecção deve ser baseada no mérito, e não na nacionalidade.

O expediente de Brasília apanhou desprevenida a União Europeia e está a ser qualificado como um elemento de bloqueio a pretensão dos países europeus em nomear o sucessor do francês Dominique Strauss-Khan. A Europa e os Estados Unidos sempre partilharam as direcções do FMI e do Banco Mundial em detrimento dos países em desenvolvimento. A prática de longa data e que se assemelha a um acordo de cavalheiros, impõe que enquanto um cidadão americano for presidente do Banco Mundial, a direcção-geral do FMI será atribuída a um europeu e vice-versa.

Segundo as análises, durante o reinado de Strauss-Khan o Fundo Monetário Internacional teve um pendor europeu através de iniciativas visando a recuperação económica do velho continente, advogando políticas de créditos bonificados a países falidos como a Grécia e Portugal. Sem Estrauss-Khan ou um novo director que defenda os mesmos princípios, a Europa está em risco de perder a chave do seu suporte financeiro para fazer face a crise da divida pública que afecta os países membros.

Mas não é apenas o Brasil que se assumiu contra a antiga regra de nomeação do director-geral do FMI. O continente africano através do seu bloco de países influentes com destaque a África do Sul, também está a sugerir um novo processo de nomeação. A Índia e a China estão igualmente a defender que o futuro director do Fundo Monetário Internacional tem pelo menos que ser eleito com base num novo processo de selecção que tenha em consideração a justiça, transparência e mérito.

Possíveis candidatos à sucessão de Dominique Strauss-Kahn, direita para esquerda e de cima para baixo: Montek Singh Ahluwlia, Kemal Dervis, Christine Lagarde, Axel Weber, Stanley Fischer, Tharman Shanmugaratnam, Agustin Carstens, Trevor Manuel

O jornal The Washington Post na sua de internet, apresenta uma lista de 10 candidatos a sucessão de Dominique Strauss-Khan. A actual ministra das finanças francesa, Cristine Lagarde é dada como favorita pelo bloco europeu. Eleita como melhor ministro das finanças da Europa em 2009 pelo jornal Financial Times, Lagarde está no entanto a ser escrutinada por um alegado tráfico de influência num processo de indemnização de milhões de Euros do Estado a favor de um privado em França.

Da parte do continente africano, está o antigo ministro sul-africano, Trevor Manuel. Manuel dirigiu o ministério das finanças do seu país de 1996 a 2009, e a sua acção foi descrita como crucial para a estabilidade do mercado sul-africano durante a demissão do presidente Thabo Mbeki em 2008.

O candidato do Brasil, é obviamente um brasileiro e responde pelo nome de Armínio Fraga. Antigo presidente do Banco Central do Brasil de 1999 a 2002, Fraga notabilizou-se com a sua política de subida de taxas de empréstimos a 42 por cento e a estabilização da moeda brasileira o Real. Ele foi em tempos director do fundo de investimentos do bilionário George Soros.