O presidente Barack Obama, quase um ano depois de ter feito o seu primeiro discurso perante o mundo árabe, no Cairo, esteve hoje no Departamento de Estado para redefinir a política americana para aquela região do globo, um dia depois de ter imposto sanções económicas à Síria, cujo regime tem vindo a reprimir brutalmente manifestações pró-democracia.
O líder americano disse que Moamar Gadhafi lançou uma guerra contra o seu próprio povo e adiantou que milhares de pessoas teriam sido mortas naquele país, se os EUA e os seus aliados não tivessem actuado para as proteger. Obama acusou o governo sírio de ter escolhido “a via dos assassínios e e das prisões em massa” e exortou o presidente Bashar al-Assad para que lidere a transição do seu país para a democracia ou, então, “saia do caminho”.
Obama, a quem Hillary Clinton deu as boas vindas ao Departamento de Estado - na qualidade de anfitriã - começou por afirmar que as revoluções a que o mundo assistiu nos últimos seis meses no Médio Oriente e no Norte de África proporcionaram “uma oportunidade histórica para corresponder às aspirações de povos a quem, há muito têm sido negada liberdade política e oportunidades económicas”.
Mas, o dirigente americano advertiu que “uma mudança desta magnitude não é fácil. Na era em que vivemos, com ciclos noticiosos de 24 horas e uma comunicação constante, as pessoas esperam que a situação na região seja resolvida em poucas semanas. Mas, levará anos até que esta situação fique resolvida,”concluiu.
Numa outra passagem do seu discurso, Obama sublinhou que já foram retirados cem mil soldados americanos do Iraque e anunciou que, em Julho próximo, as tropas americanas irão começar a retirar do Afeganistão e, na oportunidade, fez uma referência a Osama Bin Laden, definindo uma nova política americana:“Bin Laden não foi um mártir. Foi um assassino em massa que ofereceu uma mensagem de ódio, uma insistência de que os muçulmanos tinham que pegar em armas contra o Ocidente e que a violência contra homens, mulheres e crianças era o único caminho para a mudança. Ele rejeitou a democracia e os direitos individuais para os muçulmanos, a favor do extremismo violento.”O presidente americano formulou uma nova política regional de apoio às democracias nascentes no Médio Oriente e no Norte de África, um plano baseado em quatro pilares de cooperação económica e financeira, privilegiando o Egipto e a Tunísia.
OS QUATRO PILARES DA POLÍTICA DE OBAMA
1- Gestão económica:
a. Melhorar a política económica, promover a transparência e evitar a corrupção;
b. Assistência técnica do governo americano, das universidades e “think tanks” a ONG´s, a indivíduos e a governos regionais:
c. Mobilizar as instituições financeiras internacionais para apoiar reformas com raízes nacionais;
2- Estabilidade Económica:
a. Alívio da dívida do Egipto até um máximo de um bilião de dólares e usar o dinheiro para criar emprego e apoiar empresários;
b. Galvanizar o apoio financeiro ao Egipto e à Tunísia por parte de instituições financeiras e países da região:
3- Modernização económica:
a. Um máximo de dois biliões para os sectores privados através do Médio Oriente e do Norte de África:
b. Estabelecer fundos empresariais Egipto-americanos e tunisino-americanos para estimular o investimento privado;
c. Apoiar a reorientação do Banco Europeu para a Reconstrução e Desenvolvimento no sentido de apoiar os países do Médio Oriente e do Norte de África;
4- Integração Comercial e Investimento:
a. Criar uma iniciativa americana de parceria e investimento regional;
b. Cooperar com a União Europeia para estimular o comércio na região, promover uma maior integração com os EUA e com os mercados e abrir as portas para um acordo regional de comércio.