Guiné-Bissau: Militares minimizam sanções da CEDEAO

Militares não querem o seu regresso. Raimundo Pereira, Presidente interino

Porta-voz diz que todas as condições da CEDEAO foram aceites, mas levanta obstáculos ao regresso do Presidente interino

Militares minimizam sanções

Os militares que assumiram o poder na Guiné-Bissau minimizaram a decisão da Comunidade Económica da África Ocidental, CEDAO, de impor sanções aos líderes do golpe.

Ao mesmo tempo contudo reafirmaram a sua decisão de não aceitarem o regresso do presidente interino Raimundo Pereira como exigido por aquela organização.

A CEDAO anunciou ontem a imposição de sanções depois de ter anunciado o fracasso das negociações. A CEDAO acusou especificamente o chefe de estado maior general das forças armadas, António Indjai , de responsabilidade pelo fracasso das negociações.

A CEDAO tinha dado um prazo de três dias para o regresso á ordem constitucional na Guiné-Bissau.

Mas o porta-voz dos militares, o tenente-coronel Dahaba Walna,, disse em conferência de imprensa que “a CEDAO não vai aplicar sanções porque a Guiné-Bissau está a cumprir com todos os pontos apresentados pela CEDAO”.

O porta-voz fez notar que os militares tinham libertado todas pessoas detidas durante o golpe, tinham acordado no envio de uma força da CEDAO “para vir presenciar a retirada das tropas angolanas” e tinham convidado os políticos do país a participarem em conversações “para a saída desta crise” pelo que a exigência de entrega do poder aos civis “já está a ser cumprido”.

Na reunião de Banjul com o grupo de contacto da CEDAO os militares guineenses não tinha concordado com apenas um ponto das exigências, nomeadamente o regresso de Raimundo Pereira ás funções de presidente.

“Pedimos à CEDAO a ponderação e a discussão á volta desta questão,” disse o porta-voz dos militares para quem o regresso de Raimundo Pereira ao posto de presidente é impossível por como comandante em chefe das forças armadas estaria numa situação de ter que lidar com militares responsáveis pela sua prisão.

“Se voltar não terá condições materiais e morais para exercer essas funções pois um comandante que tem medo do soldado que o prendeu não seria um comandante ou então volta como um espírito de vingança e isso poderá desencadear outro conflito,” disse.

O porta-voz disse estar convencido haver uma solução constitucional para esta questão “ou extra constitucional mas que seja do consenso” de todos.

Representantes dos militares voltam reunir-se com a CEDAO na Quinta-feira