Violentos combates em Bamako
Continuava a escutar-se, ao início desta terça-feira, o disparo de armas de fogo, na capital do Mali, Bamako, após os violentos combates, de segunda-feira, entre facções rivais do exército.
A junta militar, que assumiu o poder, o mês passado, num golpe, mas que devia ceder a um governo civil de transição indicou que as suas forças tinham contido os ataques que ocorreram em vários locais.
Cerca das quatro da manhã apareceu na televisão um militar da junta a declarar que os militares controlam o aeroporto, a estação central de televisão e o seu próprio quartel-general, após os ataques que tinham ocorrido em três locais.
Residentes de Bamako referiram que militares de boina encarnada – soldados leais ao deposto presidente Amadou Toumani Touré – apareceram na capital, erguendo barricadas em pontos estratégicos. Militares foram vistos a encaminhar-se para Kati, uma localidade fora de Bamako onde a junta está aquartelada.
Os soldados confrontaram-se com tropas da junta em Kati e em Bamako, existindo informações de vários mortos.
Mas a junta insiste ter a situação sob controlo.
Rodeado por um grupo de homens alguns deles envergando camuflados do exército e outros vestindo à civil, o militar afirmou que a junta gostaria de informar o povo maliano, e a comunidade internacional, que indivíduos mal-intencionados tinham atacado a base militar da junta, a estação de televisão e o aeroporto, com o objectivo de desestabilizar a transição do Mali para a ordem constitucional.
O militar acrescentou que a junta deteve vários daqueles que tinham confrontado as tropas da junta, e que os atacantes eram provenientes de vários quadrantes e eram apoiados por entidades desconhecidas.
Um residente de Bamako afirmou à Voz da América que o líder do golpe de 22 de Março, Amadou Sanogo, tinha proferido uma declaração na língua Bamann através de uma estação de rádio cerca das 22 horas e 30 locais. Sanogo afirmou que muitos soldados tinham sido mortos nos confrontos no acesso a Kati.
Mady Gambélé, um adjunto de Sanogo afirmou à Voz da América que entre os mortos e capturados estavam indivíduos de outras nações africanas ocidentais.
Continua a desconhecer-se em que medida as acções dos boinas vermelhas planeavam, ou sob que ordens estavam a operar.
A junta indicou ter enviado pessoal para deter um elemento da guarda presidencial que tinha sido um adjunto do antigo presidente Touré e que isso tinha desencadeado os confrontos.
Durante o fim-de-semana, o líder do golpe Sanogo rejeitou publicamente as decisões da ECOWAS de prolongar o termo do governo de transição para 12 meses e para enviar para o Mali um contingente militar daquela organização regional.