Ban Ki-moon, o secretário-geral das Nações Unidas, condenou o golpe de Estado em curso na Guiné-Bissau, já depois de o Conselho de Segurança ter exigido a libertação dos líderes políticos cativos dos militares e o retorno do país à ordem constitucional.
As movimentações diplomáticas estão a conhecer mais um capítulo com uma reunião ministerial da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa em Lisboa, presidida pelo ministro angolano das Relações Exteriores.
Confrontado com as acusações de ingerência apontadas a Luanda pelos golpistas, Georges Chicoti negou a existência de tais planos.
O Colectivo da Oposição Democrática, uma estrutura da Guiné-Bissau que agrupa 14 partidos, aconselhou o Comando Militar a proceder à rápida transição do poder para os civis.
Na sexta-feira, um autodenominado Comando Militar prendeu o primeiro-ministro e o Presidente da República interino da Guiné-Bissau.
Os partidos, entre os quais o Partido da Renovação Social, o maior partido da oposição, tomaram posição sobre a intervenção dos militares guineenses e recordaram que eram contra o governo de Carlos Gomes Júnior, o primeiro-ministro eleito em 2008 e candidato a Presidente.
O PAIGC, partido no poder na Guiné-Bissau, exigiu a libertação imediata e incondicional do seu líder e primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior, detido quinta-feira à noite no âmbito de um golpe de Estado militar.
No comunicado, o 'bureau' político do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde exigiu igualmente a libertação de Raimundo Pereira, Presidente interino do país bem como as pessoas detidas no processo do golpe militar.
O PAIGC diz ainda que no âmbito do golpe militar de quinta-feira à noite as casas de alguns membros do Governo foram vandalizadas.
O partido liderado por Carlos Gomes Júnior afirma não reconhecer o auto-intitulado Comité Militar que reivindica a autoria do golpe militar, pelo que garante que jamais tomará parte numa reunião convocada por aquela estrutura que, sustenta, não tem legitimidade democrática.
O partido condena de forma veemente o golpe militar do dia 12 de Abril e denuncia as manipulações políticas subjacentes, responsabilizando perante a comunidade nacional e internacional os autores da iniciativa.
O partido diz que aceita dialogar em nome dos superiores interesses da Nação guineense, mas impõe condições, nomeadamente a libertação do seu líder e do Presidente interino do país.
Também a Liga Guineense dos Direitos Humanos e o Movimento Nacional da Sociedade Civil, duas organizações da Guiné-Bissau, condenaram o golpe de Estado de quinta-feira feito pelos militares e exigiram a reposição da legalidade constitucional.
Os Estados Unidos emitiram na sexta-feira um alerta de segurança para a Guiné-Bissau após o golpe militar, desaconselhando viagens para o país e advertindo os norte-americanos que aí se encontram a evitar o centro da capital.
O Departamento de Estado norte-americano salientou em comunicado ter informações sobre o registo de explosões e disparos de artilharia pesada na capital da Guiné-Bissau e alertou para a ameaça de violência contínua e o risco de um aumento da instabilidade política e agitação civil ou militar.
Washington encorajou, os cidadãos norte-americanos a estarem atentos à evolução da situação de segurança e a avaliarem a mesma antes de se deslocarem ao país.
Segundo o Governo dos Estados Unidos, o aeroporto da Guiné-Bissau estava encerrado na sexta-feira, não se sabendo, na altura, quando poderá retomar as operações.
Washington condenara anteriormente o golpe militar na Guiné-Bissau e apelou à restauração do Governo legítimo do país.
Os acontecimentos militares na Guiné-Bissau, que antecederam o início da campanha eleitoral das presidenciais de 29 de Abril, mereceram a condenação da União Africana, da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental e de vários países, incluindo Portugal, que exortou os autores do golpe militar a libertar os políticos detidos.
Em comunicado, a Liga considera imperioso o regresso à normalidade constitucional, condena sem reservas o golpe de Estado perpetrado pelas Forças Armadas e responsabiliza o Estado-Maior General das Forças Armadas pela integridade física do Presidente da República interino, do primeiro-ministro e demais responsáveis políticos e cidadãos comuns que possam estar em risco.
A Liga condena também a detenção arbitrária e o espancamento do jornalista António Aly Silva.
O Comando Militar que quinta-feira prendeu o primeiro-ministro e o Presidente da República interino da Guiné-Bissau prometeu colaborar na saída do país dos militares angolanos e deu autorização para a emissão das rádios privadas.
No comunicado, o Comando faz referência a uma nota enviada ao Estado Maior General das Forças Armadas pelo chefe da missão angolana, o general Gildo Carvalho dos Santos, que terá pedido a colaboração do EMGFA para facilitar a saída da Missang.