Na Líbia, a coligação apoiada pelas Nações Unidas procura expandir o embargo aéreo na zona norte do país, isto no dia em que um avião caça F-15 americano caiu aparentemente por razões técnicas.
As forças de coligação atacaram na última noite e pelo terceiro dia consecutivo bases e dispositivos anti-aéreos do regime do Coronel Muammar Kadhafi.
A coligação internacional planeia expandir a zona de embargo aéreo da cidade Benghazi a leste a Tripoli, milhares de quilómetros em direcção ao oeste.
Uma porta-voz do ministério francês dos negócios estrangeiros disse que baterias anti-aéreas das forças de Kadhafi entraram novamente em acção durante o dia de hoje em Tripoli.
As agências de notícias reportaram a queda hoje de um avião caça americano. Um porta-voz do Africom – Comando Africano das Forças Armadas Americanas, disse que a queda do jet F-15 deveu-se a problemas mecânicos e não a um possível tiro de bateria anti-aérea das forças pro-Kadhafi. Segundo ainda o mesmo porta-voz, os dois membros da tripulação teriam sido salvos.
As forças da coligação internacional atacaram durante a última noite e pelo terceiro dia consecutivo objectivos militares do exército líbio.
O general americano Carter Ham disse que a intensidade dos raids da coligação deverá baixar proximamente, a menos que aconteça algo de inesperado. O general Ham adiantou que a coligação vai expandir o embargo aéreo de forma a cumprir a resolução das Nações Unidas. O mesmo sublinhou que as forças de Kadhafi na região de Benghazi dispõem de parcos meios materiais para retomarem os ataques ofensivos.
As forças rebeldes por sua vez, não dispõem de meios suficientes e o carácter desorganizado das suas unidades começam a levantar preocupações sobre uma guerra que poderá durar por longo tempo. Ontem essas mesmas forças tiveram que abortar um ataque para a recuperação da cidade de Ajdabiya quando foram respondidos por disparos de roquetes e de tanques de elementos leais a Kadhafi.
Na cidade de Misrata situada na parte oeste do país e controlada pela oposição, os residentes disseram que tanques governamentais e atiradores furtivos disparam contra os manifestantes pro-oposição, matando nove pessoas e ferindo pelo menos 50 outras. Testemunhos em Misrata e Zintan disseram que as forças de Kadhafi estão mesmo em posição ofensiva como forma de se escapar dos ataques aéreos da coligação internacional.
O presidente sul-africano Jacob Zuma chamou a atenção para que os bombardeamentos contra as instalações militares na Líbia não devem atingir os alvos civis. Zuma é um de vários líderes africanos a criticar o ataque internacional para o estabelecimento de uma zona de embargo aéreo na Líbia.
A China também já criticou a acção e pediu conversações imediatas para travar a violência.
O presidente sul-africano apelou para um cessar-fogo imediato na Líbia e disse que o seu governo não apoiará nenhuma acção estrangeira que conduza a destituição do Coronel Muamar Kadhafi.
“Enquanto África do Sul, dizemos não à matança de civis, não à doutrina de mudança de regime e não à ocupação estrangeira da Líbia e nem de outros países soberanos.”
Zuma deu o seu apoio a resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas de embargo aéreo sobre a Líbia, e ele faz parte igualmente do comité especial criado pela União Africana para mediar o conflito na Líbia.
A União Africana criticou igualmente os ataques da coligação internacional contra as bases aéreas e as instalações de comunicações, onde e em resultado disso, varias dezenas de civis foram mortos.
Os presidentes do Zimbabwe e do Uganda condenaram igualmente os ataques, bem como o ministro dos negócios estrangeiros da Nigéria, e o presidente da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral – SADC.
A União Africana deverá reunir ainda esta semana em Adis-Abeba para debater as vias de solução a crise líbia.
Um outro país que também se mostrou crítico com a intervenção militar na Líbia, é a China. Pequim apelou hoje para um cessar-fogo imediato, e mostrou-se preocupado com as vítimas civis dos ataques aéreos da coligação internacional.
A porta-voz do ministério dos negócios estrangeiros chinês disse que a ideia inicial de adoptar um mandato do Conselho de Segurança foi para proteger a segurança do povo líbio. O governo chinês descreve os ataques como um “uso abusivo e desnecessário da força e de violência” que têm resultados em prejuízos adicionais para os civis indefesos.