Uma mulher angolana de 35 anos, camponesa e mãe de cinco filhos não sabe como sustentar a numerosa família, com o nascimento de quatro gémeos, na maternidade de Malanje.
Luzia Fernando Guiri e o marido Marcos Cabaça Zua, agora um com agregado familiar de 11 membros dependem dos poucos rendimentos da pequena lavra de mandioca, repartidos para o pagamento da renda da casa no bairro do Campo de Aviação na cidade de Malanje, compra de comida, roupa e saúde.
A pequena Eva tem nove anos, estuda a terceira classe, Jocelina , seis anos, frequenta a primeira classe e Mariquinhas, cinco anos entrou este ano no sistema de ensino, ambas em instituições públicas onde não há material didáctico grátis para todas crianças.
“Dependemos só mesmo da lavra, traz um pouco de mandioca, vendemos e vamos sustentar os filhos. Nós pagamos 1000 kwanzas de renda de casa. Quando conseguimos um pouco de bombó, conseguimos pagar a casa de renda, a comida também, mesmo assim. Quando pagam dois meses, outros dois meses é para sustentar os filhos.
Estou aqui sem conseguir saber se estão a comer o quê, eles ficaram com o marido. E na maternidade só deram biberões”.
A saúde dos quatro recém-nascidos e da parturiente que sofreu uma cesariana é estável, mas continuam a ser assistidos por uma médica neonatologista pelo baixo peso apresentado no momento que vieram ao mundo.
A directora de enfermagem da maternidade de Malanje, Zulmira Maria, referiu que as crianças continuarão a ser acompanhadas mesmo depois de abandonarem o hospital.
“Os antecedentes que a paciente já referiu, ela é uma mãe de nove gestas, dos quais qutro falecidos, que também já teve gémeos. Ela tem que fazer planeamento familiar para evitar que ainda venha mais um filho.
Sempre que for necessário os filhos, os bebés principalmente, terão acompanhamento da neonatalogista até aos 30 dias. O peso é muito baixo, o último peso de um dos bebés é de 1,4 quilos”.
A paciente ainda não amamenta os pequenos e o recurso ao aleitamento artificial é a solução. E a responsável de enfermagem daquela unidade hospitalar, Zulmira Maria, reforça o apelo da parturiente, de forma a mobilizar apoios das, instituições públicas e privadas e de pessoas singulares ou colectivas e de boa fé para aquela família pobre e humilde.
“Aproveitamos esta oportunidade para pedir à sociedade que estiver a ouvir esta preocupação que ajudem o meu amor, fazendo uma oferta a estes gémeos. Acredito que temos mães, que têm roupas de bebés que já não precisam e sabem se poderem fazer chegar uma oferta do género será muito gratificante para ela e para todos nós.
Enquanto ela estiver aqui pode fazer chegar a maternidade ”.
A maternidade de Malanje encaminhou um pedido à Direcção da Assistência e Reinserção Social local, que tem minimizado parte das dificuldades das referidas mães.
A falta de planeamento familiar contribui para o aumento descontrolado da natalidade nesta região norte de Angola.