Violações sexuais sistemáticas continuam a ocorrer ao longo da fronteira entre Angola e a República Democrática do Congo - afirma à VOA a responsável das Nações Unidas para as questões de violência sexual em conflitos, Margot Wallstrom.
Segundo Wallstrom, só no mês de Janeiro registaram-se mais de 182 violações em aldeias de ambos os lados da fronteira entre Angola e o Congo. Uma missão das Nações Unidas confirmou por outro lado mil 357 violações numa única aldeia durante um período de 8 meses.
As vítimas são mulheres e raparigas expulsas de Angola para o Congo e os incidentes ocorreram em localidades fronteiriças dos dois países.
Numa entrevista à VOA, Wallstrom afirmou que a investigação das Nações Unidas concluiu que muitas dessas violações foram levadas a cabo por homens fardados, supostamente soldados angolanos, não estando no entanto apurada a verdadeira identidade dos atacantes.
“Não temos para já a certeza da identidade dos responsáveis. As mulheres afirmam que são homens fardados e que se tratavam de elementos das forças de segurança de Angola. Não podemos no entanto para já identificá-los. Isso é algo que teremos que indagar junto das autoridades angolanas", declarou a diplomata.
Wallstrom afirmou à VOA que para já não obteve ainda uma reacção do governo angolano mas salientou que durante a sua deslocação a Angola no próximo mês de Março contava questionar as autoridades angolanas a propósito destas alegações de violações em massa ao longo da fronteira com o Congo.
“Espero que seja possível encontrar-me com representantes das forças de segurança angolanas e inclusivamente com o presidente angolano para debater esta questão”.
Wallstrom disse ainda que já se reuniu com o presidente congolês Joseph Kabila para estudar modos de por termo a esta situação e que esperava que a sua próxima visita a Angola servisse para aproximar os dois governos no sentido de resolverem conjuntamente o problema.