As Agência humanitárias estão a lançar o alarme sobre uma nova crise alimentar na região do Sahel.
Jane Labous da VOA em Dakar visitou as aldeias do norte do Senegal onde a escassez de chuva e a seca em 2011 provocaram a redução dos stocks alimentares.
A Cruz Vermelha estima que mais de 800 mil pessoas em sete regiões ao norte do Senegal estejam em situação de risco de penúria alimentar, e não existe meios financeiros disponíveis para a sua solução.
O coordenador da Cruz Vermelha em Saint Louis, Cheikh Seye Dienj, diz que os inquéritos e entrevistas com cerca de 800 famílias em aldeias nas regiões de Saint Luois, Dagama e Podor, têm mostrado que a situação está no ponto de agravamento.
Ele diz que os poços de água secaram e as pessoas não têm a água suficiente para o regadio dos pomares e das hortas, e que existem famílias que estão a vender os seus haveres para poderem sobreviver.
A Cruz Vermelha indica que não dispõe de fundos suficientes para reconstruir os poços de água, cujo preço de reconstrução anda a volta de 100 dólares cada. Enquanto isso o governo senegalês preocupado com as controversas eleições presidenciais do final deste mês, dá mostras de pouco interesse sobre a situação.
As populações das aldeias dizem não terem recebido ajudas do governo e que muitas pessoas no país não têm conhecimento da crise que afecta a região norte.
Amadou Fall Canar Diop pertence a Unidade de Protecção Civil, uma instituição governamental.
Ele diz que o governo está a preparar um plano e que brevemente vai agir.
Algumas pessoas estão a abandonar as aldeias para as cidades onde vão tentar uma nova forma de vida, enquanto outras vão vendendo a lenha e o carvão para sobreviver.
As Nações Unidas em Janeiro pediram a comunidade internacional para não esperarem até ao momento que as pessoas estejam a viver em a penúria alimentar. O relator especial da ONU sobre o direito a comida, Olivier Schutter diz ser necessário dinheiro a curto prazo, mas que os doadores devem assegurar que as reservas alimentares sejam primeiramente destinadas as regiões de crise agravada.
Além do Senegal, outros países do Sahel, nomeadamente o Chade, o Mali, a Mauritânia, o Níger e Burkina Faso estão também afectados actualmente pela crise alimentar.