A cozinheira de Nelson Mandela, Xoliswa Ndoyiya acaba de publicar um livro de cozinha sobre os pratos que serve ao presidente e a correspondente da VOA em Joanesburg, Delia Robertson provou alguns deles.
“Agora digo que sim, existe um segredo. É o amor. Eu preparo os pratos com amor.”
Depois de duas décadas de questões de familiares e convidados do presidente Mandela sobre o seu segredo na preparação de deliciosos pratos que serve, finalmente Xoliswa Ndoyiya decide revelar o sigilo ao lançar o seu livro de culinária.
Ukutya Kwasekhaya é o título do livro, que na língua isiXhosa quer dizer cozinha caseira. Um registo de uma breve entrevista de emprego com Mandela em 1992 que disse a autora ter ouvido falar dos seus dotes de cozinheira mas que gostaria saber se ela era capaz de lhe preparar também os pratos tradicionais.
“Quando Nelson Mandela pediu-me para cozinha porque ouviu falar que eu era uma boa cozinheira… e eu ter dito que sim senhor,… eu vou cozinhar para si… pensei que estava tendo mais outra entrevista… mas foi apenas isso. Consegui o emprego, foi então assim.”
isiXhosa é a língua do povo Xhosa na parte leste da província do Cabo, a terra natal de Mandela e de Ndoyiya. O livro Ukutya Kwasekhaya contém receitas de pratos típicos sul-africanos, como boers, um chouriço picante, sopas de amendoim, um cozido sul-africano, a cerveja de gengibre, um refresco picante e não alcoólico.
Também foram incluídos pratos judeus como o fígado de galinha com batata, a massa italiana, e a paella espanhola. E existem também uma série de criações da autora, como a costeleta de carneiro assado com soja, peru a base de laranja, creme de galinha com ervas italianas, a manteiga de amendoim e sopa de espinafre.
Mas o livro é dominado pela tradicional cozinha Xhosa tais como amarhewu, uma bebida de milho fermentado, tripas, umsilo wenkomo, tshakalaka - recheios picantes, e umfino – prato a base milho com espinafre.
Conta a autora que desde logo que começou a trabalhar, Madela perguntou –lhe se para além de cozinhar, se poderia ocupar-se dos seus netos que gostaria que viessem viver para a sua casa. Mandela então explicou a cozinheira que gostaria de passar tempo com os netos porque enquanto prisioneiro os filhos cresceram sozinhos. Numa carta do presidente Mandela e da esposa Graça Machel, e lida pela neta Ndileka Mandela – o casal falou da estreita relação que os une à cozinheira.
“Xoli, nossa casa é aconchegante e bem-vinda porque tens sempre estado ali. Com o sorriso tratas as nossas filhas como as tuas irmãs, aos nossos netos e netas com o amor de uma mãe. Abraças e serves a todos os nossos convidados com distinção.”
Hlangenani Mandela, o neto mais velho de Mandela disse a Nodyiya que a sua família aprecia os sacrifícios pessoais que ela fez cozinhando e tratando dos mesmos.
Xoliswa Ndoyiya disse que gostava ter escrito o livro há anos, mas está contente que finalmente o seu esforço tenha dado fruto.