Washington, 07 Jan - Cerca de quatro milhões de sudaneses do Sul do Sudão preparam-se para votar no referendo de autodeterminação a partir de Domingo.
A votação deverá permitir aos eleitores optar pela independência ou senão continuar como parte desse que é até então o maior país de África.
Depois de décadas do conflito que terá custado dois milhões de vidas humanas, além de prejuízos económicos, os eleitores do Sudão do Sul deverão escolher se a região continuará a fazer parte do grande Sudão, ou se optarão pela independência.
Nos cartazes e comícios que têm-se multiplicado um pouco por toda cidade provincial de Juba, a maioria dos populares parece já ter escolhido a separação.
David Gressly é chefe da missão das Nações Unidas no Sudão do Sul, e disse a Voz da América que tudo está pronto para o referendo deste Domingo.
“Os materiais para a votação já foram distribuídos. A formação dos membros das assembleias de voto está quase no fim, e será concluída a tempo. A situação é calma, no que toca a segurança. Tem havido uma acalmia ao longo de varias semanas. Por isso, pensamos que tudo deverá acontecer como previsto. E será muito pacífico.”
Mais de vinte e seis mil centros de votação foram instalados por toda a região, e deverão estar abertos de Domingo à Sábado, de forma a permitir uma maior participação dos eleitores.
O referendo é o resultado de um acordo de há seis que pôs fim a guerra civil. Através dele foi instituída a região autónoma do Sul do Sudão, que historicamente foi um dos maiores centros de comércio da África Oriental, e mais tarde para o Norte governado pela etnia árabe.
Muitos sudaneses demonstram sinais de um certo nervosismo acerca de uma possível secessão e apelaram aos sulistas para que mantenham a unidade do país. Outros entretanto, afirmam que a região tem sido mal gerida por Cartum e consideram que a separação irá permitir um desenvolvimento mais equitativo.
O presidente sudanês Omar al-Bashir esteve de visita esta Terça-feira à Juba, capital do Sudão do Sul, e disse que o seu governo irá respeitar os resultados do referendo.
Bashir disse que desejam que o processo seja pacifico, transparente e livre. E se os resultados determinarem a unidade ou a separação o povo deve aceita-lo com bom espírito.
Sarah Johnson, chefe da equipa de acompanhamento do Centro Carter, diz compreender as preocupações levantadas no momento, afirmando tratar-se de um acto histórico que pode causar uma certa ansiedade.
“No decurso de qualquer processo eleitoral, ou em qualquer eleição, há sempre um aumento de tensões. É verdade, seja ele em que país for, as pessoas antecipam os resultados das votações. Contudo, temos todos razão de acreditar que as coisas vão se avançar delicadamente.”
Os resultados oficiais do referendo não serão conhecidos antes de várias semanas, mas os dados provisórios são esperados ao longo do processo de apuramento das assembleias de voto.