Angola deve instituir a posição de Supervisor Escolar com a missão de dar apoio pedagógico aos professores e coordenadores de disciplinas disse o pedagogo José Otchinhelo
«Infelizmente ainda não temos esta figura no nosso sistema, mas precisamos ter e sugerimos as autoridades. É mais um profissional que vai tirar um pouco do erário público, mas se vem para o bem, devemos aplaudir», disse o jornalista, pedagogo e poeta.
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Otchinhelo lançou recentemente o seu livro Boas Práticas no Ensino que com mais de 200 páginasv isa, segundo o autor, ser um contributo que se presta à sociedade angolana para melhoria da prática pedagógica.
José Otchinhelo lamenta que em Angola se escreva pouco sobre educação, por falta de oportunidades e meios, apesar da boa vontade dos especialistas.
O académico lamenta que a falta de sensibilidade dos empresários em relação a investigação científica. A propósito aponta as dificuldades de obtenção de patrocínio para publicação da sua obra, embora tenha solicitado a mais de 100 empresas angolanas.
«Se por um lado temos boa vontade para escrever, para trazer algumas soluções por via de manuais ou livros, por outro lado falta sensibilidade da parte dos nossos empresários e de alguns organismos no sentido de aporem estas iniciativas que só vêm contribuir e trazer uma mais valia para nossa sociedade e particlarmente num sector que galvaniza o nosso desenvolvimento», sustentou o pedagógo formado pelo Instituto superior de Ciências da Educação (ISCED-Luanda) e pelo Instituo Superior de Ciências Educativas (ISCE-Lisboa).
Entre os vários assuntos analisados no livro constam questões de ética, deontologia, análise do curriculum escolar e de formação dos professores, teorias de aprendizagem, o ensino especial, para além de questões de educação para saúde e para o desenvolvimento.
José Otchinhelo refere que o país está no bom caminho no que respeita às “boas práticas no ensino”, apesar de algumas falhas, porém ressalta que a qualidade do sistema educativo depende da realidade socio-económica de Angola.
O docente considera o ensino primário um viveiro para que se tenham pessoas formadas e capazes de dar respostas aos problemas sociais e às necessidades de desenvolvimento do país.
«O nosso sistema de ensino vai de acordo a aquilo que é também a nossa realidade, quer do ponto de vista da nossa economia, do ponto de vista político, do ponto de vista até da situação geográfica, portanto o nosso ensino depende em grande medida de tudo isto», frisou.
O Pedagógo reprova a utilização de conceitos e teorias de ensino ultrapassadas no tempo e no espaço e que resultam da falta de capacidade de investigação científica dos professores.
Otchinhelo denuncia que muitos docentes continuam a utilizar as mesmas metodologias aprendidas há 20\30 anos e os mesmos conceitos, sem preocupação com o seu conteúdo mais actualizado.
Para o também jornalista, que aborda o assunto neste livro recomendao para professores, o resultado é precisamente que «vamos continuar a ensinar que o esqueleto é um conjunto de ossos que sustenta o corpo humano, quando sabemos que a rã também tem um esqueleto, que o boi também tem um esqueleto não é só o corpo humano».
Estas, segundo o autor de “Boas Práticas no Ensino”, «são algumas inverdades que infelizmente passam como verdades por culpa nossa, por não aprofundarmos a etimologia», ressalta o docente que mais adiante diz ser «um sacrilégio à profissão e uma incúria total», os professores continuarem a ensinar conceitos antigos numa era do desenvolvimento científico-tecnológico e da globalização.
O ensino especial em Angola é outro assunto abordado pelo Jornalista e académico na obra “Boas práticas no ensino”. A preocupação do pedagógo tem que ver com as falhas nos curriulas de formação de professores que na sua visão, abordam superficilamente esta temática, não contemplando por outro lado, o contacto directo com alunos com necessidades educativas especiais.
Para Otchinhelo, «não é possível que um profisssional que não teve uma prática ou uma experiêcia poder dar respostas pedagógicas para questões que tem a ver com alunos com necessidades especiais»
O docente pensa que este suposto“deslize” na formação de futuros professores é o desenho mais nítido de um fracasso da escola a posterior. Por esta razão, recomenda a necessidade dos programas escolares de formação de docentes contemplarem «a convivência “in loco” com a realidade destes alunos».
A obra relaciona o sistema de ensino e a necessidade de educação para saúde da comunidade por meio dos alunos.
Para o Pedagógo, o incentivo aos bons hábitos alimentares e o ensino de métodos de prevenção de determinadas doenças a partir da escola reduz a gravidade dos problemas de saúde.
José Optchinhelo é a favor da criação de mais estratégia para difusão da cultura de interação entre a saúde e a educação no sentido de que «determinados aspetos ligados a saúde e que enfernam a soiedade pudessem ser ultrapassados».
A crise financeira que o país enfrenta, resultante da baixa do preço do petróleo no mercado internacional é um problema que se ultrapsssa com uma boa educação, sobretudo no que respeita a contenção de gastos.
É importante a criação de estratégias educativas que visam acimentar o espírito de contenção de gastos nos alunos, por meio da escola, defendeu o Jornalista e Pedagógo.
«Se nós apostarmos nisso, estaremos não só a ter um indivíduo qualificado, que consiga dar resposta tecnológica científica que o país precisa, mas também um indivíduo que saiba gerir osseus dinheiros» assegurou o académico que por outro lado entende ser papel da escola educar o cidadão para o desenvolvimento humano.